O Mercado de Kinaxixe, em Luanda, é uma das mais emblemáticas e importantes obras de arquitectura moderna em todo o mundo de expressão portuguesa.
Inaugurado em 1958, este fantástico edifício foi projectado por Vasco Vieira da Costa, arquitecto angolano de origem portuguesa, que teve o raro privilégio de trabalhar no escritório de Le Corbusier até ao início da década de 50.
Apontado, em todo o mundo, como um dos mais notáveis exemplos da arquitectura tropical, o Mercado de Kinaxixe é uma pérola do património cultural angolano.
Lamentavelmente, o edifício está hoje entaipado e aparentemente condenado a uma quase inevitável demolição.
A arquitecta Ana Vaz Milheiro lança, no Público de hoje, um apelo sentido e urgente: “Quem quer salvar o Kinaxixe?”.
É preciso sensibilizar as autoridades angolanas para a importância ímpar deste património, mas é também necessário que Portugal adopte uma postura activa na salvaguarda da memória colectiva dos dois países, ajudando a preservar algumas das obras arquitectónicas de referência construídas em Angola durante o século passado.
Por isso, Ana Vaz Milheiro avança com uma ideia brilhante, que o governo português deveria agarrar rapidamente: a construção de uma grande casa da cultura portuguesa no Mercado de Kinaxixe, bem no centro de Luanda.
Porque a defesa da língua e da cultura portuguesa não se faz apenas nos discursos políticos. Faz-se, sobretudo, com gestos e projectos concretos e ambiciosos.
Alguém faça alguma coisa antes que seja tarde demais.
João Castanheira