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Amanhã Sócrates vai cometer uma de duas traições:
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- Se anunciar um referendo sobre o Tratado de Lisboa, trairá o compromisso informal assumido com os restantes líderes Europeus.
- Se optar pela ratificação parlamentar do tratado, trairá mais uma das suas promessas eleitorais.
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O pragmatismo e a frieza de Sócrates levar-me-iam a pensar que o primeiro-ministro optaria pela primeira traição. Porquê?
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- Porque a presidência portuguesa já lá vai, deixando-o livre para dar uma bicada na solidariedade europeia.
- Porque o primeiro-ministro sabe que poucos portugueses se atreveriam a chumbar um tratado com o nome de Lisboa. O argumento é provinciano, mas a vitória seria certa.
- Porque, ao convocar um referendo, Sócrates não só cumpriria uma promessa do PS como entalaria, uma vez mais, o PSD.
- Porque, anunciando um referendo, Sócrates mergulharia o país numa discussão sobre a Europa, matando a contestação aos encerramentos hospitalares, à subida dos impostos e ao descontrolo do desemprego.
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Acontece que, segundo se diz, Sócrates vai anunciar ao país a sua opção pela ratificação parlamentar.
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Prevalece o compromisso europeu, sai facada na promessa eleitoral.
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Recorde-se o que dizia sobre esta matéria o programa eleitoral do PS e o que diz o programa do governo: “O PS entende que é necessário reforçar a legitimação democrática do processo de construção europeia, pelo que defende que a aprovação e ratificação do Tratado deve ser precedida de referendo popular, amplamente informado e participado”.
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João Castanheira
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