quarta-feira, 7 de novembro de 2007

O Bloco e a Bandidagem

Ao longo dos últimos meses, a Itália tem sido atingida por uma série de crimes violentos, muitos deles praticados por cidadãos estrangeiros. No mais recente episódio desta vaga de insegurança que ameaçava fugir ao controlo das autoridades, uma mulher foi violada e esfaqueada até à morte numa rua de Roma. O crime, hediondo e intolerável, foi praticado por um imigrante romeno.
.
Face à onda de violência emergente e à pressão de uma opinião pública crescentemente intranquila, o governo italiano, por sinal dirigido por um socialista, decidiu acelerar a aprovação de um conjunto de medidas destinadas a garantir a segurança dos cidadãos. Dos italianos e dos outros – os imigrantes que residem em Itália e os milhões de turistas que visitam o país.

O decreto-lei agora aprovado permite que as autoridades expulsem os cidadãos estrangeiros que cometam crimes em Itália. É uma medida do mais elementar bom senso. Previne o crime, protege os cidadãos, castiga os criminosos e, sobretudo, defende as comunidades imigrantes contra o potencial surgimento de reacções de carácter racista ou xenófobo. É que, como é óbvio, se nada fosse feito começariam em breve a ouvir-se vozes contra a comunidade romena no seu todo. Pagariam os muitos romenos cumpridores pelos poucos que desafiam a lei do país que os acolheu.

Como seria de esperar, a decisão do governo italiano provocou uma reacção virulenta da esquerda radical, entre nós representada pela rapaziada do Bloco de Esquerda, que a seguir a um par de charros e uma jantarada no Gambrinus está sempre disponível para uma mãozinha à bandidagem.

No seu muito visitado blogue, o Daniel Oliveira dá voz ao que vai na alma da nossa esquerda caviar. Nem uma linha sobre a jovem violada e esfaqueada até à morte. Nem uma palavra sobre a falta de segurança que tolhe a liberdade e ceifa a vida de cidadãos inocentes. Só inquietação quanto ao futuro da bandidagem.

Escreve o Daniel que o governo italiano reagiu a um crimezito pontual com “medidas a pensar em todo um grupo e mandou a cidadania europeia às urtigas”. Sugere ainda o Daniel, numa agastada resposta ao comentário de um leitor, que é contra o repatriamento de estrangeiros porque representa a punição colectiva de raças!!! Et voilà, a medida do governo italiano é racista... Será que aos olhos do Daniel Oliveira os delinquentes constituem uma raça?

Ao contrário do que muito gostaria o nosso Daniel, a lei italiana não afecta os imigrantes em geral. Afecta sim os criminosos – assaltantes, violadores, traficantes, assassinos. Saem a ganhar todos os outros cidadãos, sejam eles italianos ou imigrantes residentes em Itália.

Mas e a bandidagem, quem vela pelos interesses da bandidagem? O Bloco, claro está!

Sintomaticamente, o blogue do Daniel Oliveira chama-se Arrastão, designação que evoca nostalgicamente os assaltos em massa que se tornaram imagem de marca do Rio de Janeiro. Uma espécie de desporto radical em que uma horda de marginais drogados escorrega morro a baixo roubando, ferindo ou matando tudo quanto se atravesse à sua frente.

Para que se entenda a atitude laxista e irresponsável dos nossos bloquistas é importante caracterizar o representante típico da esquerda caviar. É, em regra, professor universitário. Mais do que bem instalado na vida, está pregado a uma universidade pública e debita uns bitaites bem pagos num ou noutro órgão de comunicação social. Observa a criminalidade da varanda do apartamento, da janela do automóvel ou da montra do restaurante. E bate-lhe palmas pelo que ela representa de subversão do sistema democrático.

O problema é que, embora à distância se deleite com as “democracias progressistas" da América do Sul - Hugo Chávez à cabeça - a esquerda caviar monta-se na liberdade e no estilo de vida que constituem património inalienável das sociedades democráticas ocidentais. O típico intelectual bloquista colecciona recuerdos da revolução cubana e pragueja contra o “imperialismo” americano, mas sempre que pode vai às compras a Nova Iorque ou passa um fim-de-semana em Londres.

É o insanável paradoxo dos nossos trotskistas recauchutados. Vivem à conta do sistema que parecem querer desmantelar.
.
João Castanheira

Sem comentários: