terça-feira, 29 de setembro de 2009

E às 19h00 do dia 27 venceu o bom senso...


E isto apesar de a extrema esquerda em Portugal se aproximar a passos largos dos 20% do eleitorado.

E isto apesar de termos Sócrates de novo.

E isto apesar da catástrofe eleitoral que ao segundo round o PSD sofreu. Vamos esperar pelo terceiro.

O que de facto acabou por vencer foi o bom senso. O bom senso de não termos, como indicavam muitas sondagens, uma extrema esquerda quase a roçar os 30% o que, numa dita democracia europeia do século XXI seria, não direi um escândalo, mas um inenarrável e absurdo anacronismo histórico. Aliás, cabe mesmo assim perguntar como podem ideologias baseadas em teses com mais de um século e que em todos os países em que foram levadas à prática apenas deixaram atrás de si um rasto de miséria e horror, continuar a exercer sobre tantos um tão forte apelo?

E venceu também o bom senso porque, para lá do brilho postiço das questões fracturantes houve, na embriaguez do suposto sucesso, máscaras que caíram e que, entre nacionalizações e afins, nos trouxeram a verdadeira face desta esquerda caviar. E o que se viu não foi bonito! Pena é que tal custe tantos votos.

E agora seguem-se os próximos episódios. Já de quantos se tratará, acho que é ao Dr. Portas que cabe a resposta...

E já agora, mais uma pequena originalidade portuguesa. Haverá mesmo, num país com pouco mais de 10 milhões de habitantes, mais de nove milhões de eleitores? Será que o meu filho de 7 anos afinal pode votar e eu não sei?

Luís Isidro Guarita

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Entre Lourenço Marques e Maputo.


Para quem goste de arquitectura e urbanismo visitar a actual Maputo é um festim visual sem igual! Não tenho a certeza que exista, em toda a restante África, outra cidade com esta dimensão onde num brevíssimo intervalo de tempo, cerca de 20 anos, se tenha construído um tão fantástico louvor à arquitectura modernista e à sua corrente, como alguém escreveu, africana. Aqui, em cada uma das principais avenidas, na sua configuração, largueza e desafogo, há pequenas - às vezes bem grandes, diga-se, em abono da verdade - pérolas de arquitectura.


Por aqui, seja na mais pequena moradia, seja no mais alto dos prédios, o que se pode ver são obras fantásticas de uma arquitectura que empolga e que de resto, se comparadas com o que, na mesma data, se construía em Portugal (na sua larga maioria), só nos pode levar à conclusão que os portugueses daqui estavam numa galáxia completamente diferente dos portugueses daí... Aliás, observando o que aqui há, subsiste em mim a mais atroz das suspeitas. Há-de haver, na transposição do Equador, a caminho do norte, algo que transfigura... Basta olhar os bairros que os muitos então apelidados “retornados” construíram em Portugal e os que aqui deixaram para que essa dúvida passe a perplexidade.

Mas voltando ao belo. Em Maputo e apesar da degradação e da quase ruína do muito que aqui há construído, visitar aquilo que em tempos se chamou Lourenço Marques é percorrer um pouco do que a história da arquitectura moderna teve de mais sublime e inspirador, neste caso num registo único a Sul de Capricórnio. Vale a pena!

Luís Isidro Guarita

Entre Maputo e a Cova da Moura.

Às vezes basta uma viagem para que os nossos pontos cardeais percam sentido!

De África tinha, entre ilusões e desilusões, a imagem do papel e dos ecrãs por onde, ao longo dos anos, os meus olhos regularmente viajaram. Por isso e porque nada nos pode preparar verdadeiramente para o que a realidade tem de diferente, a minha chegada a África, e mais concretamente a Maputo, foi um choque brutal!

Maputo é, para todos os efeitos, uma cidade de uma beleza admirável. À sombra de um urbanismo único, há avenidas admiráveis que se espraiam entre exemplos espantosos de uma arquitectura fulgurante e única! Abraçada pelo Índico abre-se a beleza prodigiosa da baía onde a cidade se aninhou. Aqui, sob a copa das Acácias que percorrem cada rua, há um pequeno pedaço de paraíso onde brilha o sol da África meridional.

Pelas ruas, onde caminham pessoas que são, na sua grande maioria, afáveis e gentis, há aqui um calor humano que em tudo se afasta do frio a norte e que nos devolve à magia deste continente. A vida, em cada momento, corre célere, entre vendedoras e vendedores a cada esquina, onde tudo se vende, do mais banal ao mais inacreditável, carrinhas que são transportes públicos - os chapas - cheias de gente, barulho, frenesim e um trânsito que começa a ser infernal, sobressai o bulício do dia-a-dia e há uma cidade que vibra - aqui não há o Tejo mas há o imenso Índico.

Em todo o lado se sente e em cada gesto ocorre um esforço sincero de fuga às contingências da vida, um esforço de desenvolvimento, de procura de soluções, de tentativa de aproximar este canto de África aos tão almejados padrões de vida que a norte servem de referência a tanto sul.

Mas depois há tudo o resto. E o resto aqui é imenso! Há o lixo, hoje muito melhor, segundo me dizem, mas ainda uma marca profundamente visível por todas as ruas, nalgumas mais disperso, noutras em montes, onde a higiene compromete e a saúde pública se condiciona.

Depois há a degradação urbana. E perante a qual uma pergunta imediatamente nos ocorre. Quanto anos mais aguentarão muitos destes magníficos edifícios, muitos deles com mais de 40 anos, sem que haja uma manutenção séria? E depois, ao passearmos nos passeios de cada avenida, sob a frondosa sombra de uma Acácia, há o problema das ruas, dos buracos e “crateras”, da ausência de manutenção dos sistemas de drenagem de águas, de esgotos, de pavimentos. Há em quase tudo o que é parte do ambiente urbano uma desoladora degradação. E há ainda, sobrevoando acima de tudo e dominando todas as paisagens, a pobreza. A pobreza chocante das pessoas, que entre a indignidade das vidas passadas no desespero da subsistência e a dignidade da luta de cada dia, acabam por ser raios de esperança. Há a pobreza traumatizante dos bairros na periferia, imensos e desoladores. No fundo há toda uma pobreza que marca um país, que entre tanto passado – o colonialismo, as guerras, o racionamento, a seca, a fome -, procura ardentemente um futuro. Um futuro onde caiba todo o esplendor desta maravilhosa terra onde apesar de tudo e enquanto português acabo por sentir um orgulho vaidoso do tanto que ainda por cá ficou e perdura da nossa memória colectiva e em relação ao qual me assalta um sincero desejo de sucesso.

E tudo isto, no limite, me recorda as espúrias e absurdas discussões sobre a Cova da Moura.

Há de facto e em tudo o que aqui vi um choque que a esquerda das favelas coloridas jamais poderá entender. Aqui, onde o socialismo real apenas trouxe a mais brutal e inimaginável penúria, o romantismo serôdio de alguns pela preservação de uma certa Cova da Moura, ou por uma qualquer perpetuação de uma suposta vida comunitária, mais não é que a manutenção eterna de degradantes ciclos de pobreza, e é, por isso, a mais absurda marca de uma indigência que aqui tanto se luta por ultrapassar e que a nós, aí, na confortável Europa, só nos devia envergonhar ao pretender manter.

Em África e em Maputo há uma realidade que nos demonstra com uma clareza chocante a miséria intelectual dos que em Portugal acham que colorir a miséria da Cova da Moura é a solução. Só mesmo o conforto indigente de uma certa esquerda soissante huitard se lembraria de tais insultos aos que aqui, longe do caviar, lutam todos os dias para ir além das supostas belezas antropológicas e etnográficas das ruelas da Cova da Moura e procuram, desesperadamente, um pedaço do conforto que aí, alguns se acham no direito de recusar aos que daqui e de outros pontos deste continente para aí emigram à procura do contrário de tudo o que acabaram por encontrar. A bênção de uma certa esquerda à perenidade do bairro da Cova da Moura só me faz pensar que, de facto, há uma certa etnografia e antropologia cultural que sempre me irritaram.

E por tudo isto, aqui, no continente onde tudo começou, há um tempo que ficou e um novo e melhor tempo que de certeza virá. Aí, pelos vistos, há apenas um regresso ao passado. O problema é que é ao passado dos outros e não ao nosso. Aquele passado de museu de história natural que tanta esquerda aprecia mas que fica longe, muito longe, das vidinhas coloridas que na realidade levam.

Há de facto alturas em que uma estadia longa no bairro de Infulene faria muito bem a certas cabeças, pelo menos descoloria-lhes a estupidez.

Luís Isidro Guarita

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

A esquerda e o fanatismo Islâmico.



Na verdade, nada no Islão me incomoda quando o olhamos como mais uma das religiões do Livro. As crenças alheias, professem elas o que professarem são, aos meus olhos, matérias do foro privado de cada um, desde que, e é aqui que tudo muda, elas não achem que as minhas crenças, ou a ausência delas, se tenham de sujeitar às crenças de outros.

A liberdade, tal como a concebo, assenta primeiro na liberdade de cada um para escolher aquilo em que acredita. Qualquer diminuição disto, seja ela de que forma for, é uma diminuição da liberdade que temos e por isso um preceito inaceitável.

O Islão, nas suas formas mais radicais e actuais, é exactamente a epítome do princípio do não respeito pela liberdade e crenças alheias. O Islão radical é por isso uma doutrina fascista e xenófoba que, através do ódio, procura a submissão de todos quantos não professem os seus credos.

Dito isto, que nem sequer se reveste de qualquer originalidade, há um problema que para mim se coloca, no mundo e mais particularmente na Europa, que é o do crescimento exponencial deste Islamismo fascista, crescimento esse que no velho continente se baseia numa evidência: onde na Europa reina uma cultura dominada pelo relativismo, maleável e profundamente insegura, subsiste o terreno fértil para o crescimento de uma cultura segura de si, confiante e ancorada num quadro doutrinário coeso. Esta realidade e as suas consequências são uma brecha brutal na fortaleza de valores, culturas e diversidade que a Europa representa e são, nas inevitáveis consequências que o avanço de um padrão cultural fascista significa, o maior e mais grave problema com que a Europa actual se confronta. E há ainda o paradigma demográfico europeu para nos demonstrar o perigoso caminho que percorremos!

Mas não é verdadeiramente no Islão radical que reside o problema, é em nós próprios, europeus, e no modo como temos vindo a ser capazes de, peça a peça, desconstruir um património único que ao longo de séculos, com imensos custos, alguns quase insuportáveis, fomos construindo. A quebra das correntes que ligavam princípios considerados basilares e o avanço da relativização absoluta é o mal que nos consome e é o caminho certo para a derrota dos valores que aqui e no mundo nos distinguiram da barbárie e selvajaria, mesmo quando nós próprios não soubemos evitar a quase auto-destruição.

E nisto, nesta espécie de niilismo pós moderno, há a esquerda europeia actual, as suas mundivisões, os seus dogmas e verdades absolutas e o seu radicalismo do politicamente correcto, onde tudo o que não se pode relativizar é reduzido ao obscurantismo e onde o igualitarismo jacobino é cada vez mais o dogma que nos há-de guilhotinar colectivamente.

E em tudo isto há ainda o multiculturalismo fascizante onde não é a visão das diferentes culturas que triunfa, cada uma com as suas diversidades próprias mas todas diferentes e respeitadoras, mas a integração forçada das mesmas, sendo que neste caso, a idiotia multicultural acha que eu em Roma devo ser romano mas que os romanos aqui podem continuar a ser romanos… Deveras glorioso e ilustrativo, ou seja, na verdade tudo o que aqui na Europa é um património de valores único, deve ser indiferente perante o esplendor das culturas onde o roubo significa o corte de uma mão e a excisão feminina é um princípio cultural! Em suma, depois da noite da idade média há agora uma nova noite que desce no firmamento. Sem dúvida um avanço para todos nós…

Na verdade, é cada vez mais óbvio que a nossa submissão, aliás, neste capítulo na Holanda a morte de Theo Van Gogh e as suas consequências são ilustrativas, é único traço comum que temos para apresentar perante o avanço da intolerância radical daqueles que a este continente chegaram para connosco partilhar o desenvolvimento e bem-estar das nossas comunidades e agora, aqui, querem impor a sua visão do mundo. Diga-se, que nesta submissão há a esquerda à proa, ufana e segura de que a desconstrução dos valores que nos criaram e mantiveram é o seu triunfo. Na verdade acho que é a sua derrota, ou melhor, a nossa derrota colectiva.

Luís Isidro Guarita

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

E que tal uma rolha para todos?

Acho que a forma mais linear de resolver, a bem do Engenheiro, claro está, estas maçadas com a questão da TVI é oferecendo uma rolhita à malta... Aliás, de uma assentada fazíamos crescer o negócio da cortiça, em que somos verdadeiros experts, ajudando assim a economia e adquiríamos, ao olhos do Engenheiro, o companheiro ideal para lhe evitar chatices e constrangimentos.

E assim, como é bom de se ver, era só oferecer a cada jornalista/chato/português/professor/ou qualquer outra coisa que implique com o Sr. Engenheiro, uma singela e ecológica rolha.

Em boa verdade não entendo e não entende com certeza o Engenheiro porque raio havemos nós de ter sido sempre um povo tão sereno e submisso ao chefe para agora nos tornarmos nuns impertinentes, sempre a protestar e a questionar e sobretudo a pôr em causa o supremo mandato do menino d’ouro?

É que está-se mesmo a ver, falta a rolha, pá!

Luís Isidro Guarita

Reaberto!

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Confesso que perdi a conta aos dias em que, pelas mais variadas razões, andei longe desta página. Aliás, o meu companheiro de viagem até já havia colocado um pequeno anúncio avisando sobre o fecho para descanso. Mas o descanso terminou e cá estamos, de regresso e na véspera de mais 2 episódios democráticos a que a pátria regularmente se dedica.

Voltemos então a este lugar à direita, enfunemos as velas e lancemo-nos ao mar que a maré está a jeito.

Luís Isidro Guarita

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

terça-feira, 26 de maio de 2009

E a Opel aqui tão perto...


Ao observar, nas folhas de um jornal, a fotografia da Sra. Ilda Figueiredo à porta da Autoeuropa distribuindo folhetos de campanha, há algo da história recente do que se passou na Opel da Azambuja que me vem à memória...

Não sei se é sensação de que a Sra. que ali distribui folhetos apenas o faz para aproveitar o momento porque passa a fábrica, aliás algo de natural na agremiação política de que a Sra. é membro destacado, quando às portas de uma fábrica o cheiro a sangue surge... Ou se é a memória das excessivamente inflamadas declarações, quer do representante dos trabalhadores, quer as escritas pela administração da empresa, confesso que não sei. O que sei, é que há demasiados cheiros a Opel para que nesta história não comecemos todos a sentir maus cheiros.

Talvez haja aqueles que acham que estar à porta da Autoeuropa a distribuir folhetos seja um bonito boneco de campanha, eu por mim acho que a Autoeuropa, com tudo o que ela significa e representa, é, nos dias que correm, um enorme problema na campanha...

E por onde andará, por estes dias, o homem da West Coast?

Luís Isidro Guarita

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Coitadinho do bandido


Um marginal do chamado “Gangue da Lapa” foi hoje condenado pelo Tribunal de Matosinhos a 3 anos de cadeia, por homicídio negligente de um jovem de 15 anos.

O crime aconteceu na passagem de ano de 2004/2005, quando o marginal atingiu a tiro o rapaz, alegadamente com um tiro acidental. São coisas que acontecem...

Depois do tiro e em vez de pedir auxílio, o marginal enrolou o rapaz em trapos e depositou o corpo num descampado, esvaindo-se em sangue até morrer.

Nem a um cão se faz uma coisa destas.

O colectivo de juízes considerou o crime de uma gravidade e crueldade extremas, mas condenou o assassino a 3 anos de cadeia, pelo que, de acordo com as nossas simpáticas leis penais, estará em liberdade daqui a um ano.

Mais uma história que mete nojo. Mais uma prova da falência da nossa justiça.

Terá algum futuro um país assim?

João Castanheira

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Já podemos votar em alguém que nunca foi comunista


É evidente que o Nuno Melo trás um ar novo ao combate para as eleições europeias.

Não só porque simboliza um salto geracional e uma interessante renovação de protagonistas, mas, também, porque é o primeiro cabeça de lista que não é nem foi militante do Partido Comunista.

A Dona Ilda e o Miguel Portas continuam a acreditar num mundo que, felizmente, não é o nosso. Esta gente, convém não esquecermos, lutou pela importação do modelo soviético, do partido único, do KGB, da mais funesta opressão e da mais arcaica miséria.

Era precisamente o mesmo mundo em que acreditava o ex-comunista Vital Moreira. Enganou-se o senhor professor. Engana-se vezes de mais o académico coimbrão, embora não se coíba de falar de cátedra sobre todos os assuntos.
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A escolha de Portas só tem um problema: retira da Assembleia da República um dos nossos mais brilhantes parlamentares e, nessa medida, empobrece o debate político naquela que é a casa da democracia.
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João Castanheira

Fazer o frete


Como se suspeitava, as candidaturas do PS às câmaras de Sintra e do Porto – os dois principais municípios do país depois de Lisboa – são apenas para cumprir calendário.

Nem as próprias candidatas – Ana Gomes e Elisa Ferreira – acreditam na vitória. Por isso, trataram de assegurar uma retaguarda confortável, agarrando-se a um lugar seguro na lista ao Parlamento Europeu.

Fingem que vão à luta, mas não correm riscos. Têm que fazer o frete.

Entretanto, as habituais mordidelas de Ana Gomes a José Sócrates deixaram de se ouvir. A mudança de tom roça o enxovalho.

João Castanheira

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Um intelectual de esquerda a caminho do exílio dourado


A mensagem com que arranca a campanha do PS às eleições europeias é tão apelativa e empolgante como o próprio candidato: “Nós, Europeus”, sem mais.

Como é que alguém que não seja avençado do Partido Socialista se desloca a uma mesa de voto para apoiar uma coisa destas?

João Castanheira

Vigarizar a arraia-miúda


Depois da desabrida comoção nacional que se viveu após a final da Taça da Liga, estranha-se o silêncio e a paz de hoje.

Os penáltis inventados a favor do Benfica, com influência directa e decisiva no desfecho do jogo com o Estrela da Amadora, parecem uma coisa absolutamente normal.

Afinal, o país só se indigna quando os “erros” de arbitragem prejudicam um dos grandes.

João Castanheira

terça-feira, 31 de março de 2009

Um país a caminho do esgoto...


Pergunta: O que é que acontece em Portugal quando um corrupto é nomeado presidente de uma empresa pública?

Resposta: NADA!

A não ser o facto – perfeitamente normal – de o corrupto passar a ser o responsável máximo pela gestão de dinheiros públicos.

Um construtor civil de Braga, foi recentemente condenado por corrupção activa, depois de ter sido provada a tentativa de compra de um Vereador da Câmara de Lisboa, por 200.000 €.

Ontem, o mesmo construtor civil foi nomeado presidente da Braval, empresa municipal de tratamento e valorização de resíduos sólidos do Baixo Cávado.

A Braval é dominada pela Câmara de Braga e, para completar o quadro, o novo director geral da empresa é o próprio genro de Mesquita Machado, segundo noticia o Correio da Manhã. Tudo absolutamente normal.

A verdade é que quando a falta de vergonha atinge este limite, é o país inteiro que caminha para o esgoto.

João Castanheira

O fim da linha


Pergunta: O que é que acontece em Portugal quando um jovem é assassinado à pancada por um bando de marginais?

Resposta: NADA!

Um jovem de 21 anos foi violentamente espancado no bairro social de Carreiros, em Rio Tinto. Três dias depois morreu. O massacre foi testemunhado por habitantes do bairro e filmado, tendo as imagens chegado à televisão.

Ao que parece, o jovem terá uns dias antes denunciado a quadrilha à polícia. Pagou o atrevimento com a própria vida.

Os marginais continuam, pacatamente, a sua vida no bairro.

João Castanheira

quarta-feira, 25 de março de 2009

Não se poderá encerrar a Refer?


A Refer encerrou hoje o que restava das linhas de bitola estreita do Corgo e do Tâmega.

Pela calada da noite e sem pré-aviso aos utilizadores.

Alegadamente, o encerramento das linhas foi feito por razões de segurança, embora não haja notícia de qualquer incidente ou risco agravado. E, verdade seja dita, se algum perigo existe, é porque a própria Refer votou as linhas ao abandono, à espera que caíssem de podres.

A partir de agora, os aldeões que resistem nas serranias do Douro passarão a viajar em autocarros, através de estradas sinuosas, onde os perigos são seguramente maiores.

Noutro qualquer país do mundo civilizado, estas linhas seriam verdadeiras jóias patrimoniais. A linha do Corgo serpenteia ao longo do vale do rio, em pleno Património Mundial da Humanidade, cruzando uma das mais belas paisagens do mundo.

Recordo-me de, há quase 20 anos, ter feito, com um grupo de amigos, a memorável viagem entre a Régua e Vila Real. Tinha acabado de fechar o troço que ligava a capital de Trás-os-Montes a Chaves, cruzando a região termal de Pedras Salgadas, Salus, Vidago e Campilho.

Guardo dessa viagem uma das melhores memórias da minha juventude. Não há palavras que descrevam a beleza daquela linha.

O que os sucessivos governos, a CP e a Refer fizeram ao longo das últimas décadas, aniquilando um património construído ao longo de mais de um século, é um dos maiores crimes cometidos contra o nosso país.

Um país de merda, que se prepara para gastar milhares de milhões de euros a construir linhas de TGV e uma terceira auto-estrada de Lisboa para o Porto, mas que despreza o potencial do seu glorioso património ferroviário.

Dizem que as linhas têm poucos utentes. Ora vão bardamerda, porque nas mãos de um governo competente e de uma empresa responsável, não faltariam utentes.

Esta é uma daquelas decisões que me fazem saltar da cadeira e ir à luta. Isto não pode ficar assim!

João Castanheira

sexta-feira, 20 de março de 2009

A Lei das Armas


A nova Lei das Armas, aprovada ontem na Assembleia da República pelo Partido Socialista, baixa a idade mínima para porte de arma de 18 para 16 anos. Parece brincadeira mas não é.

Aos adolescentes, não reconhecemos maturidade suficiente para conduzirem um carro ou para votarem. Mas o PS acha-os suficientemente preparados para andarem armados.

Nesta loucura legislativa, que ameaça mergulhar o país no caos, eu proponho que a idade para porte de arma baixe para os 3 anos. Passaremos a deixar os nossos filhos na cresce com uma pistola à cintura. Das verdadeiras e não daquelas de fulminantes.
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João Castanheira

terça-feira, 17 de março de 2009

Uma morte...

Este sábado, nas páginas centrais do Público, um pequena notícia devolvia-nos à realidade analfabeta, ignorante e inculta que ainda persistimos em manter como nosso traço identitário.
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Talvez haja os que considerem que a morte de um animal, neste caso uma Águia Imperial, algures nos confins de um Parque Natural em pleno Alentejo seja um daqueles acontecimentos que não nos merecem uma vírgula, quanto mais uma reflexão. Outros haverá que se consideram de tal forma donos e senhores desta terra em que habitamos, que a presença de outras espécies, que não para fins lúdicos ou alimentares é, por si só, uma desnecessária e maçadora inevitabilidade que quanto mais depressa se resolver, melhor. Eu, na mais imprudente das ingenuidades, acho que não! Acho mesmo que aquele tiro e aqueles chumbos foram uma rajada certeira ao nosso património intemporal, um disparo contra a nossa história e um verdadeiro assassínio a sangue frio da nossa memória. Exagero? Talvez...
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Enfim, talvez um dia, quem sabe, percebamos o quanto o majestoso voo daquela Águia nos céus do Alentejo é uma memória que nos faz falta.
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Luís Isidro Guarita

sexta-feira, 13 de março de 2009

Afinal o crime está mesmo fora de controlo


Afinal não era apenas o alarmismo da comunicação social ou a obsessão securitária do CDS.

Apesar de os portugueses serem, frequentemente, aconselhados a não se queixarem dos crimes de que são vítimas, a criminalidade grave e violenta no nosso país aumentou 11,5% em 2008. Como se suspeitava.

E desde 1998 cresceu mais de 60%.

As leis penais portuguesas são verdadeiramente criminosas: oferecem todas as garantias aos bandidos, destroem o respeito pela autoridade do estado, arrasam o trabalho das forças de segurança, estão-se nas tintas para as vítimas e começam a condicionar a própria liberdade das pessoas de bem, que têm medo de sair à rua.

Não é possível que um marginal reincidente, apanhado em flagrante delito, saia do tribunal em poucos minutos, a rir-se na cara do polícia que o deteve.

Um país a sério tem que se dar ao respeito.

João Castanheira

quinta-feira, 12 de março de 2009

Tenha vergonha DONA ILDA!

A Dona Ilda, deputada europeia do PCP, acha que o assassinato do Presidente da República e do Chefe do Estado-Maior da Guiné Bissau são ainda resultado “passado colonial” daquele país. Disse-o em pleno Parlamento Europeu, para nossa grande vergonha.

Terá sido, provavelmente, o fantasma do Dr. Salazar que andou aos tiros em Bissau. Bandalho!

Vinda da boca de uma kamarada, adepta de um processo de descolonização criminoso, esta declaração é uma verdadeira provocação. Chega a ser uma ordinarice.

A clique corrupta e sanguinária que ainda hoje domina alguns dos PALOPs foi colocada no poder pelo Partido Comunista Português.

Tenha vergonha Dona Ilda!

Os crimes cometidos pelos bandidos guineenses são da exclusiva responsabilidade dos próprios bandidos, agora narcotraficantes, e não do passado colonialista, que já lá vai há 35 anos.

E os bandidos corruptos e assassinos são uma criação do PCP.

João Castanheira

terça-feira, 10 de março de 2009

12 a 1, com tranquilidade


O Bayern acaba de pregar 12 a 1 ao Sporting.

Penso que nem o Pinhalnovense exporia o país a semelhante enxovalho.

E quando um grande clube do futebol português leva uma dúzia na pá, alguma coisa se espera que aconteça.

Com o devido respeito – que não é muito – tenho do Paulo Bento a imagem de um calhau com risco ao meio. Impreparado mesmo para um mundo onde predomina a iliteracia e a ignorância, como é o futebol.

Há coisas que não se entendem. Antigamente chegava-se a treinador de um grande clube depois de mostrar serviço em equipas de menor dimensão. Ao Paulo Bento calhou o Sporting, sem que antes tivesse orientado qualquer outro clube. É como iniciar a carreira militar com o posto de general.

Quando assumiu o comando técnico do Sporting, o homem não tinha sequer habilitações para treinar uma equipa de futebol profissional. Tinha que ser o adjunto a assinar os papéis.

Deselegante, desbocado, desnorteado e em guerra com meia equipa, resta ao Paulo Bento mostrar o que vale no Bombarralense. Com algum esforço, talvez um dia mereça voltar à primeira liga.

João Castanheira

quinta-feira, 5 de março de 2009

Selvajaria


A moradia situada no n.º 28 da Rua de Alcolena, no Restelo, é uma notável referência da arquitectura modernista em Portugal.

Construída em 1956, segundo projecto do arquitecto António Varela, a moradia integra vários painéis de azulejos da autoria de Almada Negreiros e diversos outros elementos que a tornam uma construção única e admirável.

Qualquer português dotado de uma cultura mediana preservaria a moradia como uma verdadeira jóia. Julgo que até uma família de símios perceberia a importância da construção e teria orgulho em recuperá-la. Viver num local assim é um privilégio a que poucos homens podem aspirar.

Acontece que a moradia foi comprada pelos filhos do construtor civil Vítor Santos – o famoso Bibi do Benfica – o que é uma fatalidade capaz de arrastar para o apocalipse a mais preciosa obra de arte. Não tardou a que desse entrada na Câmara de Lisboa um projecto de demolição, ao que se seguiu a transformação de uma parte dos painéis de Almada Negreiros em entulho.

Quem sai aos seus não degenera.

Diga-se que a moradia está incluída na Zona Especial de Protecção de um Monumento Nacional, pelo que as obras são ilegais.

Bibi ficou famoso quando, aqui há uns anos, se gabou publicamente de declarar o ordenado mínimo, apesar de ser um dos maiores milionários de Lisboa. Nos Estados Unidos seria preso e no norte da Europa seria consumido pela vergonha. Em Portugal, houve quem lhe batesse palmas.

De acordo com a lista divulgada pelo Ministério das Finanças, Bibi é um dos portugueses que mais dinheiro deve ao fisco. Apesar das suas empresas de construção civil e promoção imobiliária prosperarem.
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Estamos agora na fase do ataque ao património nacional, a troco de mais umas malas de dinheiro.

Disgusting...

João Castanheira

terça-feira, 3 de março de 2009

Sentados em cima do Estado

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Para lá do marketing político, tudo no congresso do PS foi profundamente latino-americano, a começar nos discursos laudatórios.

Diz quem por lá passou que nunca num congresso partidário se viu tamanha concentração de carros oficiais e motoristas. A estatização do PS ultrapassou tudo o que até agora se tinha visto.

Em Espinho, poucos eram os congressistas sem um tacho na administração pública. Gente preocupada, sobretudo, em manter o posto de trabalho, a nomeação, a sinecura, a avença, o lugar na lista... Este foi, por isso mesmo, o congresso do umbigo.
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Para compor a sala, no domingo começou a chegar, em excursões, a gama baixa do aparelho de Estado. Uma das congressistas gritava para uma rádio que tinha vindo na “cámeneta da câmara”. Deus nos acuda, Caracas está cada vez mais perto!

João Castanheira

segunda-feira, 2 de março de 2009

O Estado Circo


Mais que um Estado falhado ou um Estado pária, a Guiné-Bissau é um verdadeiro Estado circo.

A tenda está montada há 35 anos. Desde a independência, o país passou por uma ditadura pró-soviética e por uma inacreditável sucessão de golpes de estado, revoltas militares e atentados.

Em Bissau, as divergências políticas e tribais são resolvidas à facada e a tiro. Esta noite terá sido assassinado o Presidente da República e a família, cujos bens estão neste momento a ser pilhados por “militares”.

A debilidade das instituições é tal que o país foi tomado de assalto por quadrilhas de narcotraficantes, transformando-se num autêntico narco-Estado.

É suposto que os portugueses mantenham um silêncio cobarde perante os problemas da Guiné-Bissau e dos restantes PALOPs, como forma de expiar os pecados de um cada vez mais longínquo passado colonial.

Merda para o silêncio, que nos obriga a tolerar políticos assassinos, déspotas, ditadores, corruptos e analfabetos, que roubam e matam o próprio povo a troco de uma vida de luxo.

A Guiné-Bissau é um país fabuloso, com tudo para ser um verdadeiro paraíso na terra. Até quando vai o mundo tolerar o sofrimento imposto pelos carrascos guineenses ao seu próprio povo?

Não será evidente que a Guiné-Bissau não tem, neste momento, capacidade para se auto-governar? Para quando uma intervenção da comunidade internacional?

João Castanheira

domingo, 1 de março de 2009

E o prémio vai para...


O seguidismo acrítico de Vital Moreira foi finalmente premiado.

No espaço de 20 anos, o senhor professor migrou do estalinismo do PCP para as meias tintas do PS, transformando-se num verdadeiro pitbull do regime.

As cambalhotas de Vital Moreira são já parte do anedotário nacional. A opinião do académico flutuava, sem pudor, ao sabor dos anúncios governamentais. Um verdadeiro cata-vento político.

Há cerca de um ano, escrevi aqui que “Continua a ser um mistério a razão pela qual um homem culto e inteligente se anula e reduz à condição de mero comissário político. Dócil e acrítico como qualquer empregadinho do partido socialista”.

Pois bem, Vital Moreira encontrou, finalmente, um emprego à altura dos seus números de contorcionismo político. O exílio dourado de Estrasburgo.

João Castanheira

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Caixa Geral de Cimentos


Ainda o escabroso negócio de compra de acções da Cimpor.

Vá lá saber-se porquê, a Caixa Geral de Depósitos decidiu tornar-se accionista de um fabricante de cimento, o que é por si só uma decisão delirante.

Para adquirir a participação de 9,58% na cimenteira, o banco público poderia ter ido ao mercado, onde teria comprado as acções a 3,79 €, gastando qualquer coisa como 244 milhões de Euros.

Em vez disso, adquiriu, simpaticamente, a participação ao empresário Manuel Fino, pagando por cada acção 4,75 € (+25%) e desembolsando 306 milhões de Euros. Isto é, oferecendo um prémio de 62 milhões, que entrou directamente no bolso do empresário.

Hoje, essa mesma participação vale 196 milhões de euros, ou seja, 112 milhões a menos que o valor pago pela CGD.

Mas o Presidente do Conselho de Administração da Caixa Geral de Cimentos mostrou-se irritado com o facto de a notícia ter vindo a público. Pouco importa, se o negócio foi bem ou mal feito. O problema é que os galegos tenham sabido.

Isto não pode ficar assim. Tratando-se de um banco público, exige-se uma explicação cabal e detalhada desta negociata.

Se a CGD executa as dívidas aos pobres e aos remediados, não pode pôr-se de cócoras perante os ricos. Para fretes como este, o melhor é entregar o banco, de uma vez por todas, à Sonangol ou à filha do José Eduardo dos Santos.

João Castanheira

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Ouça-se o Conselheiro Loureiro


Para Vitor Ramalho, a solução para a crise pode estar no Conselho de Estado.

Convoque o Presidente da República o Conselho de Estado e de imediato assistiremos ao renascimento da economia nacional.

Ouça-se o Conselheiro Loureiro e logo se encontrarão soluções para a crise na banca.

Dê-se voz ao Conselheiro Jardim e num ápice descobriremos a solução para o equilíbrio das contas públicas.

De acordo com a Constituição, o Conselho de Estado deve reunir, por exemplo, para declarar a guerra ou fazer a paz.

Então porque não recorrer ao Conselheiro Loureiro para acabar com a crise?

João Castanheira

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Somos todos tolinhos


O muro de silêncio que se abateu sobre o negócio da CGD com Manuel Fino é ensurdecedor.

A que título é que um banco público se torna accionista de fabricas de cimento? Voltámos definitivamente ao PREC?

Por que razão um banco público compra acções 25% acima do preço de mercado, desbaratando 62 milhões de euros que pertencem aos contribuintes?

E por que raio é que a CGD se inibe de vender as acções, assegurando a Manuel Fino a possibilidade de recompra e assumindo o banco todo o risco sem qualquer proveito?

O silêncio do Presidente da CGD e do Ministro das Finanças é insuportável.

A ser verdade, este negócio não é apenas ruinoso, é pornográfico. Em qualquer país do mundo civilizado, rolariam cabeças e seriam pedidas responsabilidades.

Por cá, o relativismo político, ético e moral leva a que tudo seja aceitável. Don’t worry, be happy!

Somos todos tolinhos.

João Castanheira

É fartar vilanagem!


Um construtor civil de Braga tentou comprar um vereador da Câmara Municipal de Lisboa por 200.000 euros.

Quebrando a impunidade habitual, o pato bravo foi apanhado e condenado no Tribunal da Boa-Hora por corrupção activa, o que não pode deixar de ser uma boa notícia.

Só que a aplicação de uma multa de 5.000 euros – 40 vezes menos do que Domingos Névoa quis pagar a Sá Fernandes – é a demonstração de que as nossas leis penais são próprias de uma república das bananas, que não se dá ao respeito e onde vale a pena ser corrupto.

Domingos Névoa saiu do tribunal a rir-se e prometendo que vai continuar a fazer aquilo que sempre fez. É natural.

Ficámos todos a saber que mesmo quando apanhado a tentar comprar um político, um pato bravo faz a festa com uns trocos. É fartar vilanagem!

João Castanheira

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

O Portugal podre

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O apodrecimento da nossa democracia é, em boa parte, originado pela inoperância da justiça.

Os casos de corrupção e enriquecimento ilícito de titulares de cargos públicos multiplicam-se à frente dos olhos dos cidadãos, gerando uma sensação da mais absoluta e criminosa impunidade.

Uma impunidade que destrói a confiança no Estado de direito e que mina, de forma irreparável, os alicerces do regime democrático.

É sabido que os corruptos mais precavidos colocam as fortunas a salvo fora do país, esforçando-se por levar uma vida relativamente sóbria e mantendo as aparências até ao dia em que decidem mergulhar numa reforma dourada. Esse é, apesar de tudo, um sinal de algum respeito pelo povo e pela justiça.

Mas a erosão dos valores e a falta de vergonha levam a que haja cada vez mais corruptos que não se coíbem de exibir, de forma provocatória, ostensivos sinais de riqueza. Uma riqueza que não pode, de todo, ser justificada.

No brilhante artigo de opinião que assina esta semana na revista Sábado, Pacheco Pereira põe o dedo na ferida: “Não se pode enriquecer na vida pública”, afirma PP. E não se pode enriquecer na vida pública porque os salários pagos pelo Estado dão para viver, mas não dão para enriquecer.

Acrescenta ainda PP: “Não havendo fortuna pessoal ou fonte conhecida de rendimentos e bens, a aquisição de verdadeiras fortunas durante o exercício de cargos públicos é matéria de escândalo público e devia ser matéria de justiça”.

A cidade de Braga – como muitas outras – é uma inesgotável fonte das mais sórdidas histórias de enriquecimento, sempre arquivadas por falta de provas ou por falta de meios.

Ainda esta semana, o Correio da Manhã dava conta da vida de luxo do chefe da divisão de urbanismo da Câmara de Braga. A história de um funcionário público que, com o seu magro salário, conseguiu construir uma das mais belas e luxuosas casas deste país. Haverá, eventualmente, uma explicação para este caso, que seria importante conhecer.

Aqui fica a notícia do Correio da Manhã:

“Mário Louro, chefe da Divisão do Planeamento Urbanístico na Câmara de Braga, tem uma vida de luxo. A casa onde mora, com vista para o rio Cávado, é uma construção de sonho. A "constatação" foi feita pelas autoridades policiais no âmbito de uma investigação às suspeitas de enriquecimento ilícito que recaíam sobre vários autarcas bracarenses.

A PJ pediu o levantamento do segredo bancário e acedeu às contas do arquitecto, alvo de uma das denúncias que entrou na PJ. Mas por falta de disponibilidade de meios acabou por não ser feito o cruzamento do património com os processos em que o técnico superior teve intervenção enquanto responsável pela gestão do Urbanismo.

Fica também por explicar qual o rendimento que lhe permitiu adquirir a casa. Em dez anos na autarquia (entre 1992 e 2002) recebeu 331 mil euros de salário bruto. Um valor bastante inferior ao preço da casa (sem o terreno), que custa seguramente mais de um milhão de euros.

A moradia mereceu uma menção nos prémios FAD de Arquitectura e é presença assídua em revistas especializadas em casas e decoração. Mário Louro entrou na Câmara em 1985 e em 2002 passou a chefe de Divisão de Planeamento Urbanístico. O arquitecto é responsável pela elaboração de vários projectos, como o Parque Urbano do Picoto".

João Castanheira

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Demokracia


Para o Pedro Vieira, a golpada de Chavez na Venezuela não pode ser criticada pelos Europeus, que se preparam para impor a repetição do referendo ao Tratado de Lisboa, contornado por essa via a vontade popular.

Diz o Pedro Vieira: “aproveitemos para apelidar o Chavez de malandro até à ocasião em que conseguirmos repetir o referendo na Irlanda, as vezes que forem necessárias, a ver se da terra dos duendes vem um Sim, europeu, democrático e sorridente, não um daqueles latino-americanos, boçais e usurpadores”.

De facto, repetir referendos até que o povo diga o que os políticos querem ouvir é, no mínimo, desonesto e pouco democrático. Mas porque será que a nossa esquerda libertária não se lembrou desta desonestidade quando forçou a repetição do referendo do aborto em Portugal?

João Castanheira

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Uma ementa de arrepiar...


Para quem acha que a distinção entre esquerda e direita já não faz sentido, nada melhor que uma voltinha por um dos muitos blogues da nossa esquerda caviar, com o Arrastão à cabeça

Está lá tudo: aborto, eutanásia, salas de chuto, seringas nas cadeias, anti-semitismo, Hamas, nacionalizações, ódio às empresas, ataque às forças de segurança, desculpabilização do crime, imigração sem controlo, ódio à igreja católica, simpatia com ditaduras medievais...

Por baixo do verniz de modernidade há uma ementa de arrepiar.

João Castanheira

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Sarrafada intelectual


O Augusto gosta é de “malhar na direita”, área política onde sua excelência inclui o Bloco de Esquerda e o Partido Comunista.

Ora saia um pires de caracóis para a mesa do senhor ministro.

Há muito que o Augusto se impõe pela elevação e pelo requinte oratório. Mas, com o passar dos anos, os discursos com sabor a tremoço deram lugar a verdadeiras sarrafadas intelectuais.

Hoje, as palavras do senhor ministro deixam o mais requintado salão a cheirar a cerveja e coirato.

É por estas e por outras que José Sócrates classifica o PS como o “grande partido popular da esquerda democrática".

Em boa verdade, a coisa é mais popular que democrática. Com a mão na anca, o Augusto é melhor que uma varina.

João Castanheira

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Desonestidade intelectual


A desonestidade intelectual de Ana Gomes não conhece limites. Anda há anos esta muchacha a crucificar políticos em praça pública, do alto de uma pretensa superioridade moral que ninguém lhe reconhece.

As acusações sórdidas que dirigiu a diversas personalidades não socialistas, basearam-se em insinuações e rumores absolutamente infundados e jamais provados em lugar algum.

Por muito, muitíssimo menos que o caso Freeport, Ana Gomes pendurou no pelourinho gente absolutamente inocente.
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É por isso – e só por isso – que a defesa que faz do primeiro-ministro no caso Freeport roça a indigência ética. Uma defesa que, que de tão incoerente com a prática habitual, só se compreende à luz do processo da elaboração de listas para as eleições que aí vêm.

Digam lá se, vindas de onde vêm, estas palavras não dão a volta às tripas: “Devo assegurar não ter quaisquer razões que me levem a duvidar da consistência das declarações que o Primeiro Ministro José Sócrates proferiu a propósito do seu envolvimento no "caso Freeport". A menos que a Justiça o venha contrariar celeremente ou que alguém o infirme com consistência intransponível - e não na base de insinuações, deduções ou "construções" simplistas e avulsas - estou em crer que o modo, o sentido e a oportunidade dos ataques a José Sócrates, para além de o visarem pessoal e politicamente, visam sobremaneira o PS e o governo do PS que ele dirige."
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Não lhe pesarão na consciência os infames ataques pessoais que desferiu no passado recente?
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Disgusting!

João Castanheira

Haja decoro!


Socorro! O relvado do estádio do Sporting - onde decorre a meia-final da Taça da Liga - está rodeado de publicidade ao Banco Português de Negócios!

E porque não uma campanha de promoção do Banco Insular ou uns anúncios ao “bordel” que a SLN comprou em Porto Rico?

O buraco já vai nos 1.800 milhões de euros, montante que seria suficiente para construir 10 grandes hospitais centrais.

Mas os contribuintes ainda têm que pagar a campanha publicitária.

Uma publicidade que é absurda e inútil, porque a marca BPN está morta e enterrada.

Pior que isso, quanto mais os portugueses virem aquelas 3 letras, mais se lembrarão do que elas representam. Haja decoro!

João Castanheira

O buraco


Sempre defendi que a Caixa Geral de Depósitos deve manter-se nas mãos do Estado.

Disse-o e escrevi-o inúmeras vezes, muito tempo antes da actual crise, que quase arruinou os mercados financeiros um pouco por todo o mundo.

Lembro-me de repetir, perante o olhar crítico dos meus amigos mais liberais, que os indicadores de desempenho da CGD são tão bons ou melhores que os dos bancos privados, que a CGD gera lucros importantes, contribuindo decisivamente para o orçamento de Estado e que é necessário que o país disponha de um instrumento forte que permita intervir no mercado, desde que de forma criteriosa e responsável.

Nada disto é particularmente exótico. Em grandes países, como a Alemanha, a França ou a Espanha, para citar apenas alguns casos, os bancos públicos coexistem com os bancos privados, num sistema misto que está longe de prejudicar a eficiência do mercado.

Sempre achei estranho que os meus amigos mais liberais, defensores da privatização da CGD, nada dissessem quanto ao facto dos bancos privados ocidentais estarem a ser comprados por fundos soberanos de países pouco recomendáveis. E que mantivessem a obsessão por privatizar a CGD, quando todos sabemos que é o governo angolano que está a comprar a banca portuguesa.

Foi por isso que assisti, com alguma satisfação, à salvação das poupanças de alguns convictos ultraliberais, que em desespero de causa transferiram para a CGD as poupanças que tinham colocado no BCP ou no BPN. Afinal, a confiança na gestão privada não era ilimitada.

Vem isto a propósito da notícia de que o buraco no BPN já vai nos 1.800 milhões de euros, isto é, meio aeroporto de Alcochete. O mercado também tem destas coisas.

Como em tudo na vida, nesta matéria é preciso equilíbrio e bom senso.

João Castanheira

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Prémio Pritzker para José Sócrates


Num momento de assumidas dificuldades políticas, o Num Lugar à Direita propõe a atribuição do Prémio Pritzker de Arquitectura ao Eng.º José Sócrates.
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A fineza, o requinte e o bom gosto das casas que projectou na zona raiana revelam até onde pode chegar o génio criativo do primeiro-ministro de Portugal.
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O perfume da arquitectura de Sócrates espalha-se pelas vielas de Valhelhas, pelas calçadas de Covadoude e pelas ribanceiras de Rapoula. Mas é em Porto da Carne que a obra do mestre se revela em todo o seu esplendor.
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A colecção completa pode ser visitada aqui.
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João Castanheira

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Falar verdade


Por razões óbvias, quando se discutem questões de carácter, é necessária toda a prudência.

E – para lá de saber se ocorreram ilegalidades no licenciamento do Freeport – é o carácter do primeiro-ministro de Portugal que está em causa.

Eu acredito que José Sócrates não “solicitou, recebeu ou facilitou pagamentos” para licenciar o outlet de Alcochete. Assim como acredito que não usou expedientes ilícitos para concluir a licenciatura e não assinou projectos de arquitectura elaborados por funcionários camarários legalmente impedidos de o fazer.
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Se o tivesse feito, não teria condições, sequer, para presidir à Junta de Freguesia do Samouco, quanto mais para ser primeiro-ministro de Portugal.
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Mas a verdade é que, apesar dos rumores, nada de concreto existe que permita pôr em causa o carácter e a honestidade do primeiro-ministro. Pode (e deve) divergir-se politicamente de José Sócrates, mas apenas isso.

Dito isto, é essencial que a justiça siga o seu caminho, com a celeridade e o rigor que se impõe, tendo em conta a sensibilidade do caso.

Já no plano político e passada que está a desorientação inicial, está na hora do primeiro-ministro começar a explicar-se ao país. Para o seu bem e para o bem de todos nós. Sendo esta uma matéria sensível, não pode ser ignorada ou remetida à condição de tabu.

A tese da cabala, em que até aqui o Governo se tem escudado, é manifestamente insustentável, na medida em que as suspeitas partem de uma investigação da polícia inglesa. Alguém acredita que as autoridades policiais britânicas queiram atingir politicamente o primeiro-ministro de Portugal?

Como muito bem escreve Pacheco Pereira na revista Sábado de hoje, as perguntas a que José Sócrates deve responder são simples: “Porquê a pressa a dias de eleições, com estafetas a correr de repartição em repartição, serviço em serviço, a levar papéis para tudo estar assinado a tempo? Porquê tanta urgência e porquê a recusa de nos explicarem quem a decidiu e porquê? Porquê insistir que o decreto que altera a área aprovado no mesmo Conselho de Ministros nada tem a ver com a decisão de licenciar o Freeport, quando toda a gente olha para o mapa e percebe que é a mesma área?".

Acrescenta ainda Pacheco Pereira: “Suspeito imenso de explicações que nos tomam por tolos, em vez de simples e claras explicações. O problema é que pode não haver essas explicações simples”.

Eu acredito que as explicações vão aparecer e, portanto, não comungo da inquietação final de Pacheco Pereira.

E espero que não sejam do calibre do relatório elaborado pela Câmara Municipal da Guarda, acerca dos projectos de arquitectura assinados por José Sócrates, de que ele próprio muito se deve envergonhar. Esta gente tem que perceber, de uma vez por todas, que o importante não é safar a pele do amigo ou do chefe a qualquer preço, porque isso arrasa a qualidade da democracia e destrói a confiança na classe política.

O importante é falar verdade.

João Castanheira

É mentira!


Na passada segunda-feira, o primeiro-ministro apresentou ao país, um alegado estudo da OCDE, onde se teciam os maiores elogios às reformas levadas a cabo pelo Governo no primeiro ciclo do ensino básico.

Dizia José Sócrates, perante as câmaras de televisão, que nunca a OCDE elogiara tanto a política de educação do nosso país.

Julgo que o país inteiro ficou atónito e chocado perante as conclusões do estudo. E, sobretudo, perante o tom de louvor acrítico ao executivo, impróprio de uma organização séria e credível como a OCDE.

É certo que um consultor externo, desde que bem pago, está disponível para escrever tudo aquilo que lhe for pedido.

Mas como poderia a OCDE associar-se a semelhante lambidela à política educativa do Governo?
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A OCDE veio então desmentir a autoria de tal estudo.

Afinal era mentira. Não se trata de um estudo da OCDE, mas sim de um documento encomendado pelo Governo a consultores externos, cujo prefácio é assinado, a título individual, por uma funcionária da OCDE.

O estudo, elaborado com base em documentos fornecidos pelo próprio Governo, propõe “aumentar o sucesso escolar abolindo a retenção nas escolas do primeiro ciclo”. À boa maneira socialista, propõe-se, portanto, abolir administrativamente os chumbos para melhorar as estatísticas.

Ainda que José Sócrates agora o desminta, o documento foi anunciado ao país como um estudo da OCDE. O comunicado distribuído aos órgãos de comunicação social pelo Ministério da Educação diz, textualmente: “O primeiro-ministro, José Sócrates, e a ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, assistem amanhã, segunda-feira, dia 26 de Janeiro, à apresentação da avaliação feita pela OCDE das reformas realizadas no 1.º ciclo do Ensino Básico”.

A irresponsabilidade com que se usa o nome de uma organização internacional numa acção de propaganda política é preocupante. Os nossos responsáveis políticos estão de cabeça perdida e isso só pode aumentar a inquietação que tomou conta dos portugueses.
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Devemos ao líder parlamentar do PSD, Paulo Rangel, o desmontar deste número de circo.

João Castanheira

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Os desistentes


O Ministério da Justiça mandou retirar as caixas Multibanco do interior dos tribunais, porque não consegue garantir a segurança e evitar o roubo daqueles equipamentos.

Vital Moreira, consciência acrítica do executivo rosa, concorda. Acha que “enquanto não se eliminar a vulnerabilidade das caixas de Multibanco, deveria ser ordenada a retirada das caixas móveis de todos os lugares inseguros, pelo menos durante a noite”. Por lugar inseguro entenda-se o TRIBUNAL.

Para o senhor professor constitucionalista, o problema não é a vulnerabilidade dos tribunais – que são diariamente assaltados – mas sim a vulnerabilidade das caixas multibanco.

Passariam, assim, a andar caixas Multibanco para cima e para baixo. Monta de manhã, desmonta à noite, tipo carrinho das castanhas.

Talvez o senhor professor constitucionalista recomende aos Juízes que levem os processos para casa, para que a papelada não fique depositada num lugar inseguro como é o tribunal.

Este é o raciocínio habitual da nossa esquerda bem pensante. Uma esquerda militantemente desistente:

· Desiste de garantir a segurança dos tribunais (prefere esconder os multibancos).

· Desiste de travar a entrada de droga nas cadeias (prefere distribuir seringas).

· Desiste de tratar os toxicodependentes (prefere montar salas de chuto).

· Desiste de defender as vítimas de crimes (prefere desculpabilizar os criminosos).

· Desiste de lutar pela vida dos mais frágeis (prefere financiar o aborto).

· Desiste de controlar a despesa pública (prefere aumentar os impostos).

· Desiste de ensinar os estudantes (prefere as passagens administrativas).

Com esta gente iremos de desistência em desistência até ao desastre final.

João Castanheira

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Um país de cócoras


À medida que a crise se aprofunda, a economia portuguesa vai, inexoravelmente, caindo nas mãos dos salvadores ”interesses angolanos” – leia-se o chefe, a família e os amigos.

Depois da Galp, do BCP e do BPI, os ditos “interesses angolanos” preparam-se para tomar a comunicação social portuguesa, a começar pelo moribundo semanário Sol.

Não vale a pena fingir que é a economia a funcionar.

O mundo inteiro sabe de onde vem o dinheiro. E o mundo inteiro conhece o modelo de comunicação social angolano.

Será isso que queremos para Portugal?

João Castanheira

O offshore da Baixa da Banheira

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O Manuel Monteiro continua imparável.

Agora propõe a criação de uma zona franca em Braga, distrito por onde pretende ser eleito deputado nas legislativas deste ano.

E que tal um offshore na Baixa da Banheira? Ou uma região autónoma em Fernão Ferro?

A espiral de delírios parece não ter fim.

Apesar de não ultrapassar os 0,6% sempre que vai a votos, Monteiro é incapaz de perceber que a aventura do PND lhe arruinou a carreira política.

O estrago está feito. Agora bem pode fazer o pino no alto da escadaria do Bom Jesus.

João Castanheira

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Descubra a diferença


Por mais que a comunicação social europeia tente escondê-lo, há uma diferença civilizacional entre os dois lados do conflito no médio oriente. E há cartoons que valem mais que mil palavras...
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João Castanheira


quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

O paradoxo da esquerda caviar


O Cardeal Patriarca de Lisboa, Dom José Policarpo, alertou as jovens portuguesas para o “monte de sarilhos” em que podem meter-se ao casarem com muçulmanos.

A nossa muito laica, libertária e hipócrita esquerda caviar, sempre pronta a ferrar os dentes nas canelas da igreja católica, enfureceu-se.

Acontece que, como bem sabemos, D. José Policarpo se limitou a dar o conselho que qualquer bom pai de família – não muçulmano – dá às suas filhas.

O Xiquito Louçã e a sua rapaziada não ignoram os dogmas medievais que amordaçam as mulheres nas sociedades islâmicas. E nem é preciso referir casos extremos, em que são chicoteadas em público por conduzirem um automóvel ou mortas à pedrada por cometerem adultério.

É interessante, por exemplo, o site das mulheres muçulmanas, que enumera os amplos direitos de que gozam as mulheres no mundo islâmico:

As mulheres muçulmanas têm permissão para sair, trabalhar ou visitar familiares e amigas, desde que o marido não se oponha e desde que se cubram e comportem de acordo com as regras islâmicas. Se necessário, serão escoltadas por um familiar próximo, do sexo masculino.

O marido não deve proibir a sua mulher de sair para adquirir conhecimentos religiosos, a não ser que a ensine em casa. É preferível que a mulher reze em casa, tendo em conta as suas obrigações domésticas, os seus deveres como mãe e a necessidade de evitar a mistura com homens.

O Islão não proíbe as mulheres de trabalharem fora de casa, mas estipula um conjunto de restrições com o objectivo de preservar a dignidade e a honra da mulher, bem como a pureza da sociedade islâmica:

1. O emprego não deve ser uma prioridade, nem deve interferir nas responsabilidades da mulher enquanto esposa e mãe.

2. O emprego não deve causar fricções com a família, sendo necessário o consentimento do marido, para evitar futuros desacordos. Se a mulher não for casada, deverá obter o consentimento do seu guardião.

3. A aparência, o comportamento e o tom de voz da mulher devem seguir as regras islâmicas, que incluem a obrigação de não olhar para homens, vestir-se de acordo com as regras islâmicas, evitar o contacto com homens, não andar de forma provocadora e não usar maquilhagem ou perfume em público.
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4. O emprego deve ser escolhido de modo a evitar o contacto com homens.

É curioso que a nossa esquerda caviar revindique para si todos direitos das sociedades ocidentais, mas esteja, invariavelmente, ao lado do obscurantismo e dos valores medievais.

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João Castanheira

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Por que razão se suicida a Palestina?


De acordo com a propaganda que domina a comunicação social europeia, a Faixa de Gaza é a maior prisão do mundo, devido ao “desumano” cerco israelita.

Acontece que a Faixa de Gaza tem fronteira com um país árabe – o Egipto – que, vá lá saber-se porquê, decidiu também construir um enorme muro em redor dos palestinianos e encerrar o posto fronteiriço, após a tomada do poder pelo Hamas.

Sucede ainda que a Faixa de Gaza tem o pouco urbano hábito de exportar para Israel mísseis e homens bomba, que se fazem explodir em autocarros e cafés, com o objectivo de matar e estropiar o maior número de inocentes que for possível. Deve Israel estender-lhes uma passadeira vermelha?

A iluminada esquerda europeia alega, também, que uma parte da população de Gaza foi forçada a fugir do sul de Israel após a guerra de 1948. Talvez por lapso, não referem que a referida guerra resultou da tentativa de aniquilar o Estado de Israel à nascença, através de um ataque concertado dos exércitos da Síria, do Iraque, do Líbano, do Egipto, da Jordânia, da Arábia Saudita e do Iémen. Israel resistiu e venceu heroicamente.

A catástrofe palestiniana é verdadeiramente penosa e angustiante. Mas mais do que à agressividade israelita ou à falta de solidariedade dos países árabes, os palestinianos deverão pedir contas a si próprios. Em especial aos extremistas que manipulam e destroem a possibilidade de convivência pacífica entre dois Estados democráticos e independentes.

Em vez de sonhar com o aniquilamento do vizinho, em vez despejar rockets em cima da cabeça de inocentes, em vez de esconder armas em mesquitas, em vez de usar o próprio povo como escudo, em vez de apoiar um movimento terrorista que não reconhece o direito à existência do Estado de Israel, a Palestina poderia, talvez, mobilizar o mundo para a construção de um país.

Mas esse é um desígnio que não interessa aos senhores da guerra.

João Castanheira

quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

E o disco do ano é...


Os primeiros acordes e harmonias vocais de Fleet Foxes deixam no ar uma pergunta: mas de onde é que isto saiu?

À medida que os minutos e as canções passam, a estranheza dá lugar àquela excitação juvenil que o melómano sente quando é confrontado com um clássico inesperado.

O álbum de estreia dos Fleet Foxes é uma obra-prima. E é, obviamente, o melhor disco que 2008 nos legou, deixando muito, muitíssimo longe a escassa concorrência.

As melodias eternas, as harmonias vocais, os rendilhados de guitarras e os retoques de pianos, banjos e demais ferramentas trazem à memória milhões de referências. Mas o resultado deste cozinhado é surpreendentemente original.

Fleet Foxes é um soberbo retrato da América profunda. E é, sobretudo, um irrepetível retrato de um conjunto de artistas quando jovens.
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Após uma estreia destas, o caminho que aí vem será, provavelmente, sempre a descer. Há, por isso, que gozar o prazer de ouvir até cansar White Winter Hymnal, a mais bela canção do ano. Depois dela, Fleet Foxes tem outras dez pérolas para oferecer.

João Castanheira

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Trabalho Sujo



Segundo o jornal Público, o antigo "número dois" de Avelino Ferreira Torres, Norberto Soares, vai ser o candidato do Partido Socialista à Câmara Municipal de Marco de Canaveses, disse hoje fonte do PS/Porto.

É um trabalho sujo, mas alguém tinha que o fazer. E quem mais senão o Partido Socialista?

João Castanheira

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Terramoto à vista

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Manuel Alegre é uma personalidade curiosa, capaz de inspirar os mais contraditórios sentimentos.

Aprecio-lhe a voz, a coragem, a independência, a cultura e até a figura um tanto ou quanto paternal.

Mas a verdade é que a par dos seus encantos – sobretudo estéticos – Manuel Alegre representa muito do que há de pior na nossa esquerda.

Aflige-me, desde logo, o marialvismo, que os compagnons de route devem, no seu íntimo, considerar vagamente reaccionário.

Porém, o que mais me deprime naquele que é cada vez mais o grande ícone da nossa esquerda libertária é a sua profundíssima aridez ideológica.

Pergunte-se a Manuel Alegre que desígnio aponta para Portugal? Que caminho preconiza para a nossa economia? Que solução defende para a crise financeira?

Imagino que a tudo isto Manuel Alegre possa responder com um poema. Pena é que a vida seja mais complexa que um livro de poesia.

Ou talvez nos atire com os anos resistência ao fascismo – dizem as más-línguas que fugiu a salto para Argel. Pena é que a resposta habitual remeta para o passado, num momento em que a nossa inquietação colectiva diz respeito ao futuro.

Manuel Alegre é, apesar de tudo, um homem livre e coerente. Bate-se pelas causas em que acredita e essa é, nos dias que correm, uma qualidade que não deve ser desvalorizada.

Ontem, Manuel Alegre deu um passo em frente, alcançando o que julgo ser o ponto de não retorno. E deixou o polvo rosa à beira de um ataque de nervos.

Ainda não é claro o alcance dos estragos que Manuel Alegre pode provocar no poder tentacular do Partido Socialista. Mas a reacção desesperada dos boys e das girls deixa antever a possibilidade de terramoto.

Apesar de tudo, a poesia ainda é capaz de abanar a (baixa) política.

João Castanheira

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Guantanamera

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Na cabeça de Ana Gomes, há uma imparável ponte aérea rumo a Guantánamo.

A mulher sonha com aviões carregados de presos a passarem por cima das nossas cabeças. É um fetiche como outro qualquer, mas eu confesso já não tenho paciência para esta discursata.

Ana Gomes poder-se-ia também preocupar, por exemplo, com os milhares de presos políticos que a família Castro encafuou nas cadeias bolorentas do resto da ilha de Cuba. Mas não, a obsessão não lhe deixa espaço para mais do que Guantánamo.

Agora que o Governo português se prontificou a receber alguns dos potenciais terroristas de Guantánamo, o mínimo que Ana Gomes tem a fazer é franquear-lhes as portas da sua casa.

Pode ser que algum lá ponha uma bombita, nem que seja de mau cheiro.

João Castanheira

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Acudam-nos!


A economia portuguesa estagnou, a caminho duma quase certa recessão.

O mundo atravessa uma crise económica e financeira sem precedentes.

A situação é de tal modo crítica que o BCE se apressa a cortar as taxas de juro, tentando desesperadamente reanimar a economia, ao mesmo tempo que o preço do petróleo se despenha por falta de compradores e de confiança no futuro.

Mas a mensagem que o primeiro-ministro de Portugal entendeu transmitir é de que "As famílias portuguesas podem esperar ter um melhor rendimento disponível em 2009", fruto das baixas que se esperam nas taxas de juro e nos preços dos combustíveis.

Pouco importa que esses efeitos resultem do colapso da economia mundial, que trás consigo as falências, os salários em atraso, o desemprego, o crash das bolsas e a paralisação da actividade económica.

Para o primeiro-ministro de Portugal a crise é boa para os Portugueses.

Eu confesso-me chocado. Devo ter percebido mal.

João Castanheira