segunda-feira, 30 de junho de 2008

O Circo Mugabe

Mais do que um Estado falhado, o Zimbabwe é, nos dias que correm, uma autêntica anedota.

Mugabe transformou um país, outrora próspero, num sobado circense, que expõe ao ridículo o modelo de governação dominante em África, onde, felizmente, começam a surgir algumas respeitáveis excepções democráticas.

Até há uns anos atrás, o ditador de Harare não destoava na autêntica galeria de horrores que é a maioria dos chefes de estado africanos. Como se sabe, a existência de um tiranete que suga, sem vergonha, toda a riqueza do Estado é um mal comum a muitos dos países da vizinhança.

Mas em 2006 a carcaça velha amalucou de vez. Os fazendeiros brancos foram expulsos das suas terras, a economia do país mergulhou no caos e os zimbabueanos viram-se obrigados a fugir aos milhões para os países vizinhos. A inflação atingiu os 100.000% e um pão, quando existe, custa hoje 200 milhões de dólares zimbabueanos.

Confrontado com uma “inesperada” hecatombe eleitoral nas presidenciais, Mugabe levou mais de um mês a cozinhar um resultado que lhe permitisse inventar uma segunda volta. Depois de muito burilados, os resultados oficiais deram a Morgan Tsvangirai 1.200.000 votos (48%), contra pouco mais de 1.000.000 de Mugabe (43%).

Na segunda volta, o tiranete conseguiu "ir a votos” sozinho e a comissão eleitoral apressou-se a atribuir-lhe 2.200.000 votos. Ou seja, todos os zimbabueanos que haviam votado em Tsvangirai ter-se-ão arrependido, transferindo o seu voto para o ditador.

Até quando vai o mundo tolerar esta afronta?

Até quando terá o povo do Zimbabwe que suportar a corrupção, a fraude, a violência e a miséria?

João Castanheira

terça-feira, 24 de junho de 2008

Pensava que ias para Caracas!


Ora aí está!

Daniel Oliveira, ilustre activista anti-americano, partiu de férias para os Estados Unidos.

Segundo anuncia no seu blogue, passará os próximos 15 dias em Nova Iorque e em Washington, pelo que não lhe sobrará muito tempo para se dedicar ao Arrastão.

Quando chega a hora de viajar, a nossa burguesia de esquerda não hesita. Podiam dedicar-se a descobrir as maravilhas da democracia progressista de Caracas ou a irreprimível liberdade que brota nas ruas de Teerão.

Mas nada disso. Com o bolso cheio e uns dias de férias para gozar, a rapaziada do Bloco esquece a retórica anti-imperialista e ruma ao grande satã americano.

Como eu te entendo Daniel.

João Castanheira

SOCORRO

Assisti há uns tempos, envergonhado, a uma reportagem televisiva sobre a integração no nosso país dos jovens emigrantes provenientes da Europa de leste.

Intrigada com o facto de estes jovens serem, invariavelmente, os melhores alunos das suas turmas, a jornalista perguntava-lhes como conseguiam semelhante proeza, vencendo sem dificuldades a barreira linguística e deixando para trás a nossa rapaziada.

Os jovens respondiam, com um sorriso maroto, que o sistema de avaliação em Portugal era demasiado fácil. Nada que pudesse ser comparado com o grau de exigência a que estavam habituados nos seus países de origem.

Ontem, fomos confrontados com uma nova fase no processo de destruição do sistema de ensino. À saída do exame nacional de matemática, todos os alunos – mesmo os portugueses – consideravam que a prova havia sido demasiado fácil. Os estudantes pareciam aliás incrédulos perante o carácter infantil do exame.

Para a Sociedade Portuguesa de Matemática "O padrão utilizado para avaliar o desempenho dos alunos não permite distinguir aqueles que efectivamente trabalham e não ajuda os professores a incentivarem os alunos a aprofundar os seus conhecimentos". Assim mesmo: com este tipo de provas toda a gente passa. Os bons e os maus alunos, os mais aplicados e os menos aplicados. É a institucionalização da bandalheira. Um dias destes ainda regressam as passagens administrativas à moda do PREC.
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A opção do governo não podia ser mais clara: entre a qualidade do ensino e as boas estatísticas, os socialistas não hesitam. Pouco importa que estejam a formar gerações de ignorantes diplomados Pouco interessa que estejam a hipotecar o futuro do país. O que realmente importa é mostrar “bons resultados”, ainda que postiços.
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Que futuro pode ter um país que atira ao lixo o mérito, a exigência, o rigor e a responsabilidade?

Para quem acha que já não há diferenças entre a esquerda e a direita, aqui fica uma pequena amostra do que vai na alma dos espíritos iluminados da nossa esquerda: escolas sem exames, polícias sem armas, crimes sem penas, prisioneiros com seringas, toxicodependentes com droga...

João Castanheira

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Antinha Patão


Entre os 45.745 militantes do PSD que votaram nas eleições de sábado, Patinha Antão obteve 309 votos, que correspondem a uns demolidores 0,68%.

Como foram a votos 329 secções do partido, o professor Antinha não chegou a convencer um militante por secção. São poucos vivos para uma candidatura subscrita por vários mortos.

Fonte ligada à candidatura faz um mea culpa assumindo que "A mobilização foi excessivamente direccionada para o Prado do Repouso e para o Alto de São João". A mesma fonte acrescenta, em jeito de lamento, que "O público alvo não reagiu com a pro-actividade esperada".

João Castanheira

Selvajaria medieval

Algumas personalidades da nossa esquerda, como Mário Soares ou Miguel Portas, aconselham-nos frequentemente a baixar as calças ao fundamentalismo islâmico. Consideram até que as democracias ocidentais devem sentar-se a negociar com os terroristas árabes, porque, na sua visão do mundo, todos os métodos são legítimos, todos os Estados são iguais e todas as civilizações são merecedoras do mesmo respeito.

Eis uma história que revela um pouco da selvajaria medieval que tanto respeito merece à nossa esquerda caviar:

Rand Hussein tinha 17 anos. Em Março foi estrangulada, pontapeada e esfaqueada até à morte pelo seu próprio pai, Abdel Ali, de 46 anos, ajudado pelos filhos Asser, de 23 anos, e Haydar, de 21. A família Hussein é xiita e vive no sul do Iraque.

A mãe de Rand, Leila, viu o marido e os dois filhos assassinarem a filha no dia em que descobriram que ela conversava com um soldado britânico. Leila contou ao Observer que: “Ela foi morta por animais. Todas as noites quando me deito lembro-me da cara de Rand a pedir ajuda enquanto o pai e os irmãos acabavam com a sua vida”. Já o pai diz que a polícia lhe deu os parabéns: “Eles são homens e sabem o que é a honra. Ela humilhou-me diante da minha família e dos meus amigos. Ao falar com um soldado estrangeiro, ela perdeu o que é mais precioso para qualquer mulher”.

A mãe de Rand, que entretanto se atreveu a fugir de casa, foi assassinada quando se preparava para sair do país.

João Castanheira