sexta-feira, 30 de maio de 2008

Uma obra-prima


Há edifícios que, pela sua força e singularidade, conseguem colocar no mapa cidades improváveis. O exemplo mais óbvio é Bilbao, urbe obscura e sombria, que graças ao Guggenheim, de Frank Gehry, saltou directamente para as rotas do turismo internacional.

Vem isto a propósito do genial Museu Iberê Camargo, projecto de Álvaro Siza, que hoje é inaugurado em Porto Alegre, Brasil.

Ao primeiro olhar, torna-se óbvio que o Iberé Camargo vai, rapidamente, transformar-se no novo ícone da capital do Rio Grande do Sul.

Ao seu traço habitual, Siza juntou um cheirinho do modernismo brasileiro – Niemeyer parece andar ali à espreita – e criou uma obra-prima arquitectónica que se confunde com uma peça de escultura.

É uma pena que o Iberé Camargo não tenha sido construído em Portugal, mas é a vida. Aliás, em entrevista ao Público, o arquitecto afirma não ter vontade de fazer mais nenhuma obra em Portugal, já que parte das que fez estão fechadas e ao abandono. É o caso do fantástico Pavilhão de Portugal, no Parque das Nações.

João Castanheira

terça-feira, 27 de maio de 2008

Arrastados pela vergonha

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É oficial, com esta história do Cinearte a esquerda colapsou e ainda ninguém informou o Daniel Oliveira.

A este propósito, façamos um reavivar da memória histórica, coisa assaz complicada para a esquerda, e relembremos os senhores que participaram no arrastão anti-semita do Cinearte que deviam cuidar de ler as opiniões dos vultos da esquerda europeia dos idos de 30, 40 e 50 do século passado para entenderem onde estava a dita aquando da tal Nakba, as posições que então tomou e a defesa do estado de Israel que então assumiu.

Se o fizessem talvez tivessem vergonha do que agora fazem! 

Luís Manuel Guarita

Case Study

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Há, nestes confins da Europe West Coast, um cidadão singular. O Nome é Moreira, Vital, a profissão, Professor Universitário, a função, guarda-costas oficial do Partido Socialista e porta-voz oficioso do Eng. Sócrates.

Existe, na criatura, algo de romântico, de abnegado, de genuíno. Emerge nele uma condição que perpassa a mera realidade palpável e nos remete para uma metafísica do ser, para a ilusão da existência, para um outro estado que ainda não alcançámos, mas que, nas suas prédicas, com certeza almejamos e alcançaremos. Há nele e ainda, um amanhã que canta...

O Prof. Moreira, no seu glorioso esforço para salvar a pátria por via da salvação que nos trás a boa nova socrática é um enviado, um digno representante da casta dos eleitos, que tudo vêm, tudo prevêm e tudo alcançam. O Prof. é a verdade e a verdade é o professor.

E para que se confirme, tudo isto está escrito, tudo isto é real, mas tudo isto é o nosso fado...

O fado da ilusão. A ilusão dos que ainda querem que vejamos o país que lá não está, a economia que não somos, o desenvolvimento que não temos e o atraso a que nos vamos condenando atrelados à boa nova socialista que este homem tanto apregoa e tanto nos tenta inculcar e, last but not least, fazer compreender o indigenato indigente.

Os amanhãs que cantavam e os sóis radiosos terminaram em 89, mas na verdade, na verdade que muitos persistem em acreditar, perduraram nos corações e nas mentes, à espera da hora, a hora certa, como nos diria Cesariny.

O problema, o verdadeira problema, é que o tempo ultrapassou a hora e as almas desencontraram-se. Ficou o Prof. e uns quantos, a pregar, a pregar.

E agora, agora importa descer à realidade e propor. Propor que se faça deste oráculo um case study sobre tudo o que não somos, não queremos ser e nunca deveremos desejar ser. A bem de Portugal.

Luís Manuel Guarita

Próxima estação: parque florestal


Alguém será capaz de explicar com que propósito está a ser construída uma linha de metro para o Aeroporto da Portela – um investimento de 107 milhões de euros – no preciso momento em decidimos desactivá-lo?

Depois de décadas sem metro no aeroporto, causa alguma perplexidade que se invista tanto dinheiro numa linha para um parque florestal.

Das duas uma: ou seremos o primeiro país a levar o metropolitano para o meio da floresta ou aquilo que lá se pretende fazer não é propriamente uma zona verde. Eu inclinar-me-ia mais para a segunda opção.

João Castanheira

A crise dos combustíveis e a política fiscal socialista

Portugal tem a quarta gasolina mais cara da Europa, excluindo os países do alargamento. Em boa verdade, o preço dos combustíveis em Portugal é muitíssimo mais elevado do que em qualquer outro país da UE15, já que o poder de compra dos portugueses é inferior ao dos restantes europeus.

Por cada litro de gasolina que se vende em Portugal, o Estado arrecada muito mais em impostos (84 cêntimos) do que aquele que é o custo real do combustível (65 cêntimos).

Os combustíveis subiram cerca de 20 vezes desde o início do ano, deixando o país à beira duma crise económica generalizada. E o que diz o primeiro-ministro?

Diz que é contra o congelamento dos preços dos combustíveis. Tem toda a razão, embora essa posição seja contrária à assumida pelo governo do Eng.º Guterres, do qual José Sócrates fazia parte. Diz ainda que é impossível reduzir o ISP, pois o Estado não pode abdicar dessa receita fiscal, sob pena de pôr em risco o equilíbrio das contas públicas. Isso seria verdade, não se desse o caso do Estado já estar a perder receita fiscal, pelo simples facto dos portugueses deixarem o carro em casa ou irem abastecer-se a Espanha.

O que o primeiro-ministro se esquece de dizer é que no ISP está escondida uma coisa a que chamou Contribuição de Serviço Rodoviário. Trata-se duma receita fiscal atribuída à Estradas de Portugal e serve para pagar uma absurda invenção do partido Socialista: as SCUT.

Por outras palavras, de cada vez que um reformado de Mértola puser um litro de combustível na sua motorizada, está a pagar para que eu circule a alta velocidade e à borla numa auto-estrada sem portagens. É esta a justiça social do governo socialista.

Para evitar a recessão que se avizinha, José Sócrates só tem uma coisa a fazer. Acabar de imediato com as SCUT e, com isso, reduzir substancialmente o ISP, sem tocar no equilíbrio das contas públicas.

É que nas auto-estradas circula quem quer. Já a gasolina, o pão ou qualquer outro bem essencial inflacionado pelo preço dos combustíveis castiga todos, especialmente os mais pobres.

Será isto assim tão difícil de entender?

João Castanheira

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Ódio a Israel junta Esquerda Caviar à Esquerda Coirato

Realiza-se hoje, em Lisboa, uma sessão pública evocativa dos 60 anos da Nabka – A Catástrofe – nome com que os palestinianos qualificam a fundação do Estado de Israel.

Esta evocação de carácter anti-semita, em que participam José Saramago e Miguel Portas, é acarinhada e difundida pelos mais distintos elementos da nossa esquerda caviar, à qual se junta a menos higiénica esquerda coirato, representada por vários "demokratas" comunistas.

No Arrastão, o muito bloquista Daniel Oliveira anuncia ainda uma petição para a “geminação de Lisboa com a cidade mártir de Gaza”. Recorde-se que Gaza é um território tomado pelos terroristas do Hamas, que dali disparam diariamente rockets para cima da população civil de Israel.

Dá vontade de exportar esta esquerda burguesa e ociosa para a Faixa de Gaza. Ali, nas trevas da idade média, poderiam usufruir das liberdades e garantias proporcionadas pelos regimes fundamentalistas islâmicos que tanto apreciam.

João Castanheira

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Anda tudo a querer tramar o senhor engenheiro...

Para Vital Moreira, porta-voz oficioso do governo, o descalabro da economia nacional ontem anunciado “é um duro golpe nas perspectivas governamentais. O impacto económico da crise financeira internacional, do aumento contínuo dos preços do petróleo, da imparável valorização do euro e da degradação da situação económica espanhola, tudo se conjugou para tramar a economia nacional”.

Curioso. Sempre que o governo vem a terreiro anunciar um qualquer sucesso económico – ainda que virtual – Vital Moreira explode em aplausos incontidos à actuação do executivo. Já quando é preciso assumir o descalabro económico que está à vista de todos, a culpa recai em imponderáveis factores externos, que se uniram para tramar o Eng.º Sócrates.

Continua a ser um mistério a razão pela qual um homem culto e inteligente se anula e se reduz à condição de mero comissário político. Dócil e acrítico como qualquer empregadinho do partido socialista.

João Castanheira

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Instituto da Droga e da Toxicodependência: DEMISSÃO, JÁ!

Quanto mais se mergulha na informação distribuída pelo Instituto da Droga e da Toxicodependência, maior é o choque perante a forma leviana e irresponsável como aquela gente – paga com os nossos impostos – promove o flagelo que deveria combater.

Entre a desculpabilização e o incentivo ao consumo, o IDT ultrapassa todos os limites. A título de exemplo, classifica como mito a ideia de que os heroinómanos acabam por ficar degradados, na rua, a arrumar carros ou na prostituição. Paro o IDT “existem muitos que estão integrados social e profissionalmente, sem sinais evidentes desses consumos”. Não há, portanto, problema de maior.

O IDT não se poupa a esforços. Na secção do seu site destinada às crianças e aos jovens dá a receita completa para a preparação da droga: “Preparar a injecção de heroína transformou-se num ritual: numa colher, ou num objecto semelhante, coloca-se a droga em pó, mistura-se com água e umas gotas de sumo de limão e coloca-se sobre uma fonte de calor para facilitar a dissolução. Sobre a mistura põe-se um pedaço de algodão ou o filtro de cigarro, para assim filtrar as impurezas, antes de introduzir a droga na seringa. Fica então preparada a injecção”. Para que não restem dúvidas.

O IDT afasta ainda receios quanto às consequências do uso da droga: “Os efeitos mais significativos do consumo de heroína são prazer, alívio da dor e supressão da respiração”.

Alguém é capaz de dizer em que medida este tipo de alarvidades serve os propósitos para que o IDT foi criado?

Por favor, demitam estes irresponsáveis.

João Castanheira

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Mas que belo exemplo!


Já está. O primeiro-ministro e vários outros membros do governo foram apanhados a fumar no voo para Caracas, violando a lei do tabaco.

De acordo com os relatos de quem assistiu ao episódio, o primeiro cigarro ainda foi fumado atrás das cortinas. Mas as bafuradas seguintes foram dadas às claras, revelando uma arrepiante sensação de impunidade, se não mesmo de provocação, já que o avião estava repleto de jornalistas.

Há nesta atitude do primeiro-ministro um profundo desrespeito para com o país e para consigo próprio. Um líder político que cria uma lei e que ostensivamente a viola é alguém que não consegue dar o exemplo e que se coloca a jeito de todas as críticas.

A partir de agora, que condições tem o Estado para exigir aos cidadãos comuns que cumpram esta mesma lei?

Recorde-se que o zelo do governo chegou ao ponto de instituir uma brigada de costumes – o consórcio ASAE-DGS – que fiscaliza de forma fundamentalista o cumprimento da lei. É certo que o próprio Inspector-Geral da ASAE foi apanhado a violar a lei, mas do primeiro-ministro esperar-se-ia um pouco mais de bom senso.

E que mal sai a TAP na fotografia, ao tentar minimizar os danos para o primeiro-ministro. Como bem sabem os responsáveis da companhia, pouco importa se se trata de um voo regular ou de um voo fretado. Nada disto tem que ver com procedimentos internos, mas sim com uma lei da república, que se aplica em todos os voos e que obriga todos os cidadãos, a começar pelo primeiro-ministro.

Este não é um episódio menor, pois revela uma despreocupação e uma leviandade que não são próprias de um primeiro-ministro.

A única forma de José Sócrates salvar a face é assumir publicamente que errou, pedindo desculpa aos portugueses pelo seu mau exemplo. Qualquer desculpa, mais ou menos esfarrapada, será um tiro no pé e um tiro na lei.

João Castanheira

terça-feira, 13 de maio de 2008

Se não queres ser betinho tens que te drogar!

O Instituto da Droga e da Toxicodependência é um verdadeiro case study da nossa administração pública.

O nome da coisa é um pouco abstruso. Parece designar uma entidade criada para promover a droga e a toxicodependência. Assim ao estilo do Instituto da Vinha e do Vinho, cuja missão é promover a produção vitivinícola.

Mas, sendo pago pelos nossos impostos, imagina-se que a missão do IDT se enquadre antes no domínio da prevenção e tratamento da toxicodependência.

Aqui há uns meses, o IDT foi notícia por difundir um folheto ensinando aos jovens como se deveriam drogar.

Hoje ficou a saber-se que o IDT criou um dicionário oficial destinado a crianças e jovens, onde se explica que “betinho” ou “careta” é “aquele que não consome droga e, por isso, é considerado conservador, desprezível ou desinteressante”.

É isso mesmo. A mensagem que o IDT está a passar às nossas crianças é a seguinte: se não queres ser “betinho, careta, desprezível e desinteressante” tens que te drogar e, portanto, tens que tornar-te “cliente” do IDT.

É certo que se não existissem toxicodependentes o Dr. João Goulão ficaria sem emprego, o que seria uma chatice. Mas isto começa a ultrapassar os limites do bom senso e da razoabilidade.

O que mais será preciso para a administração do IDT ser demitida?

João Castanheira

Real politics ou subserviência?










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Só o Dalai Lama é que não foi recebido. Parece que não tem petróleo. E ainda por cima põe em causa o regime democrático chinês, o malcriadão...
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João Castanheira

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Obrigado Israel


Podia dizer apenas que me revejo no texto que o Luís escreveu sobre o sexagésimo aniversário do Estado de Israel, mas achei por bem dizer mais qualquer coisa.

Este ano decidi cumprir uma das viagens da minha vida. Há muito que tinha pensado visitar os antigos campos de concentração de Auschwitz e Birkenau mas, honestamente, nunca tinha tido coragem para realizar esse pesadelo. Um pesadelo que me persegue desde criança.

Sei que regressarei devastado. Porque, embora tenham passado mais de 60 anos sobre o Holocausto, esta viagem vai colocar-me frente a frente com o horror e a barbárie sem limites, com a face mais negra e tenebrosa da humanidade. Mas tenho mesmo que ir.

Regressarei, julgo eu, com uma admiração ainda maior pelo povo judeu e pelo Estado de Israel.

Israel é, apesar de toda a propaganda esquerdista, um farol da nossa civilização, uma luz encravada entre sociedades guerreiras medievais. Israel é o exemplo da determinação de um povo, que construiu um país próspero em pleno deserto. Um povo que ergueu uma democracia moderna, que partilha connosco os valores da tolerância e da liberdade, quando por ali apenas se conheciam tiranias e ditaduras.

Ao longo dos seus 60 anos de vida, por três vezes o Estado de Israel foi atacado pelos vizinhos árabes. E por três vezes saiu vencedor. A Guerra da Independência (1948), a Guerra dos Seis Dias (1967) e a Guerra do Yom Kipur (1973) foram tentativas concertadas para erradicar do mapa o Estado de Israel.

Durante estas seis décadas, raro foi o dia de paz para um povo que já merecia a sua paz. Todos os dias chovem rockets e explodem bombas em cima da população civil de Israel. São aos milhares os ataques cobardes e indiscriminados de organizações terroristas, como o Hezbollah e o Hamas, exércitos bárbaros que aos olhos da nossa esquerda caviar são heróis da libertação (!?).

Aqui há uns tempos, alguém se lembrou de organizar uma manifestação de protesto à porta da embaixada de Israel em Lisboa. Por lá se encontraram um punhado de neo-Nazis e uma mão cheia de apoiantes do Bloco de Esquerda, que ali partilharam, de forma fraterna, o seu ódio a Israel. Não se poderá exportá-los para Teerão?

João Castanheira

sábado, 10 de maio de 2008

O Hezbollah e a esquerda

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A nossa esquerda, muito desprovida de memória e um tanto saloio-caviar, tende a afirmar que o mal supremo que Israel representa para os palestinianos decorre do facto de os primeiros estarem a colonizar uma terra que pertencia aos segundos. Nesta história a esquerda esquece amiúde a história longínqua e a história recente, até porque Israel começou por ser uma causa da esquerda europeia. Mas pronto, a memória tende ela própria a ser naturalmente selectiva.

Vem isto a propósito da investida do Hezbollah contra o Estado libanês e sobretudo, caso vençam, da sequencial iranização daquele país, que já foi em tempos maioritariamente cristão, e, em consequência do mais do que óbvio genocídio cultural e da perseguição, já para não falar de outras coisas que se esperam, quer dos que se lhe opõem, quer das outras religiões que habitam o Líbano.

E agora, face ao cataclismo que se abaterá sobre o Líbano, que posição, à luz dos critérios que aplica em Israel, tomará a esquerda?

Luís Manuel Guarita

Parabéns Israel!


Israel faz por estes dias 60 anos. Provecta idade num Estado a todos os títulos admirável. 

Israel é uma democracia num mar de ditaduras e autocracias e só por isso já deve merecer toda a nossa admiração. Mas não é só isso, é tudo, é a sua história ao longo destes 60 anos e a história daqueles que ali sonharam e construíram aquela nação.

Por isso e porque não há muitas histórias como aquela, muitos parabéns para todos os que nela participaram.

Parabéns Israel!

Luís Manuel Guarita


O General no seu labirinto

Tenho lido por estes dias notícias que dão conta da existência de emails trocados pelo vice-líder das FARC, abatido na selva pelo exército colombiano, com membros de topo do exército venezuelano, segundo os quais já existia uma enorme cumplicidade entre ambos, o exército Venezuelano e as FARC, e estaria em preparação uma integração ainda maior, e ao mais alto nível, da colaboração já existente. Estas notícias têm sido publicadas por imprensa norte-americana.

Não sei, confesso, se isto corresponde à verdade. Não sei qual a verdadeira dimensão daquele suposto envolvimento, mas que cada vez me parece mais suspeita aquela ligação e que estas notícias explicam em parte a excessiva reacção do inenarrável Sr. Chavez aquando da incursão do exército colombiano na selva para combater o bando das FARC, lá isso explicam.

Mas falemos claro. As FARC são um exercito de bandidos, auto intitulado de esquerda, que vive de extorsão, rapto e narcotráfico. Tudo actividades recomendáveis. Chavez, o caudilho da esquerda moderna, vive, pelos vistos, com as FARC.

Se tudo isto for verdade, de facto, por aquelas bandas, a esquerda caminha para o futuro... E assim, o General lá vai caminhando para o seu labirinto.

Luís Manuel Guarita

sexta-feira, 9 de maio de 2008

O ambientalista


Aqui há uns tempos, falando em plena Assembleia Municipal de Viseu, Fernando Ruas incitou a população a “correr à pedrada” os inspectores do Ministério do Ambiente que ousassem importunar os viseenses.

Hoje, vestindo o fato de Presidente da Associação de Municípios, Fernando Ruas manifesta-se indignado com as medidas preventivas decretadas pelo Governo para impedir um holocausto urbanístico em volta do futuro aeroporto de Alcochete.

Aquele que é também conhecido como o “Saddam das Beiras” volta a revelar a sua forte consciência ambiental.

É evidente que o ministro Mário Lino meteu, uma vez mais, os pés pelas mãos, decretando as medidas preventivas sem esperar pelo parecer dos municípios.

Porém, o que verdadeiramente inquieta os autarcas e o distinto presidente do seu sindicato não é a forma como o governo decretou as medidas preventivas, mas sim a sua própria existência.

Ganho o aeroporto, os municípios da região preparavam-se para alcatroar e cimentar as herdades situadas em redor do campo de tiro. Qualquer medida preventiva virá portanto “obstaculijar o dejembolbimento”, como dirá Fernando Ruas.

Mas não se inquietem. Tenho a certeza que a decisão do governo deixará uma porta aberta para que a selvajaria do costume despedace mais uma parcela do nosso território.

É preciso é ter calma. E açaimar os construtores civis.

João Castanheira

quinta-feira, 8 de maio de 2008

A Man for All Seasons

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A Man for All Seasons é um filme que retrata um momento na vida de um homem fundamental à moderna Inglaterra e à causa da liberdade. Trata-se de Thomas Moore e trata-se sobretudo da sua recusa em aceitar os ditames do seu Rei, Henrique VIII, quando este decidiu abandonar a Igreja Católica a propósito da recusa desta em lhe conceder um divórcio para que se pudesse tornar a casar.

A sua recusa e o modo como soube ser livre de espírito e livre na acção, recordou-me, por estes dias, as recentes declarações de Bob Geldof a propósito de Desenvolvimento Sustentável e sobretudo a propósito de Angola e do que por lá se vai passando à sombra do trópico de Capricórnio.

As suas declarações e a memória de Thomas Moore, relembraram-me o quanto a velha Albion tem dado, em matéria humana, à causa da liberdade de espírito, de palavra e de iniciativa.

Thomas Moore teve, há cinco séculos, a liberdade de perante o seu Rei, afirmar a liberdade das suas escolhas. Bob Geldof, cinco séculos depois, teve-a perante uma audiência onde pontuava quem lhe havia pago a prelecção, mas sobretudo quem sobre a liberdade que ainda vai faltando em Angola, se limita a desviar o olhar e seguir com a sua vida.

São homens assim que nos fazem acreditar que valores e princípios fortes em defesa de democracias verdadeiras são sementes que nunca devemos deixar de plantar.
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Haja esperança!

Luís Manuel Guarita

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Um homem livre

Não há em Portugal muita gente que se atreva a dizer o que pensa do regime de Luanda, embora o mundo inteiro saiba o que lá se passa.

A razão é simples: por estes dias é difícil encontrar em Portugal alguém que não tenha interesses económicos em Angola.

Dói ter que o admitir, mas há hoje no nosso país poucos homens e mulheres influentes suficientemente livres para expressar o que lhes vai na alma acerca do regime angolano.

Ontem, numa conferência sobre desenvolvimento sustentável organizada pelo Expresso e pelo BES, Bob Geldof ousou afirmar que “Angola é gerida por criminosos”, lembrando que as casas mais ricas do mundo estão ser construídas em Luanda, enquanto o povo morre à fome.

O Banco Espírito Santo apressou-se a emitir um comunicado onde se demarca das afirmações de Geldof. Fê-lo por discordar do orador que convidou ou por ter em Angola enormes interesses económicos, que vão da banca aos diamantes, passando pelo imobiliário, a aviação, a agricultura e as pescas?

E quem são os parceiros do BES nesses negócios? Para além da própria família do presidente angolano, são exactamente os proprietários das casas de que Geldof falava.
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Os contratos e as concessões públicas que os predadores do regime distribuem por si próprios poderiam transformar Angola num paraíso na terra. Lamentavelmente, para 99% do povo Angola continua a ser um inferno.
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Bob Geldof é, felizmente para nós, um homem livre.

E pôde lembrar que é desumano e criminoso que um número restrito de famílias continue a sugar ao país, de forma imoral, toda a sua riqueza, enquanto o povo morre na mais absoluta miséria.

João Castanheira

terça-feira, 6 de maio de 2008

Este homem tem uma história maior que o D. Afonso Henriques

Começámos a ouvir falar de António Morais, ilustre militante do Partido Socialista, quando este era presidente do Instituto de Gestão Financeira e Patrimonial da Justiça. Na altura, Morais lembrou-se de contratar para responsável pelo departamento de logística uma cidadã brasileira, que era funcionária dum restaurante do centro comercial Colombo.

A contratação foi feita sem concurso e o caso foi de tal modo escandaloso, que António Morais foi demitido pelo Ministro da Justiça, juntamente com a brasileira.

Antes, António Morais tinha sido director-geral do GEPI – Gabinete de Estudos e Planeamento de Instalações do Ministério da Administração Interna.

No exercício desse cargo, António Morais terá contratado os serviços do Arq. Fernando Pinto de Sousa, pai de José Sócrates Pinto de Sousa. Segundo a imprensa, vários outros dirigentes do Partido Socialista da Beira Interior terão sido agraciados com contratos de fiscalização de obras em instalações da GNR e da PSP.

Algum tempo depois, foi tornado público que António Morais “deu” a José Sócrates 4 das 5 cadeiras com que este se licenciou na extinta Universidade Independente. Por esses dias, para além de professor universitário António Morais trabalhava com Armando Vara, colega de governo e amigo pessoal de José Sócrates.

E foi ao director-geral do GEPI que o então Secretário de Estado da Administração Interna, Armando Vara, recorreu para projectar uma moradia particular que construiu no Alentejo.

Mas, António Morais não pára. Segundo o público de hoje, o senhor acaba de ser pronunciado pelos crimes de corrupção passiva para acto ilícito e branqueamento de capitais.

Nos termos do despacho instrutório, António Morais e a ex-mulher terão agido de forma concertada para beneficiar um empreiteiro no concurso de construção do aterro sanitário da Cova da Beira. Em contrapartida, diz-se no despacho, receberam pelo menos 58.154 euros desse empreiteiro, dinheiro que foi depositado numa conta aberta nas ilhas de Guernesey.

Este António Morais tem uma história maior que o D. Afonso Henriques...

João Castanheira