domingo, 31 de agosto de 2008

Nacionalizações

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Para quem ainda não reparou decorrem, mais de trinta anos após o 25 de Abril e mais de 20 após o início das reprivatizações, em simultâneo com algumas privatizações, a nacionalização de algumas das mais importantes empresas portuguesas. Será isto normal?

A curiosidade maior nesta estória é que o nacionalizador não é o Estado Português, mas outro Estado...

Volto a repetir, SERÁ ISTO NORMAL?

Luís Isidro Guarita

O terceiro mundo aqui ao lado

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O que se passou, há dias, na linha do Tua, é digno do mais arcaico e pobre país do terceiro mundo.

É absolutamente incrível que numa linha com 120 anos, sem registo de acidentes de monta nos primeiros 115 anos, tenha agora, que se anuncia o encerramento definitivo da linha para que se construa uma barragem na foz do Tua, nos últimos 5 anos, uma sucessão verdadeiramente delirante de acidentes, quase todos eles com mortos a lamentar. Há, de facto, coincidências estranhas!

O que é ainda mais estranho, é a ligeireza com que se vai falando de investimentos milionários para construir um TGV e se deixa, por esse país fora, o caminho de ferro definhar, ceifando vidas pelo caminho. Há nisto algo de esquizofrénico que não se compreende e dificilmente se aceita.

Na verdade, só mesmo nesta West Coast of Europe se compreende que num tempo em que se procura, por essa Europa fora, condicionar o transporte individual e rodoviário e incentivar o transporte colectivo e ferroviário, se deixe ao abandono linhas de caminho de ferro como a do Vouga - que cruza uma região de extremo dinamismo empresarial e elevada população -, se tenha encerrado as duas linhas que ligavam Viseu ao resto da rede ferroviária - trata-se tão somente da maior cidade europeia sem caminho de ferro -, se continue a demorar 3 horas para cruzar o Algarve em locomotivas inenarráveis, se mantenha em suspenso o investimento numa verdadeira modernização da linha do Oeste, se não faça uma ligação suburbana entre a gare do Oriente e a Malveira, passando por Loures, se não leve a electrificação da linha à Covilhã, à Guarda, a Évora e Beja e à Régua e, cereja em cima do bolo, se não aproveite o enorme potencial turístico da linha do Douro e, em particular, da sua reactivação entre o Pocinho e Barca de Alva.

De facto e perante isto só nos pode parecer normal aquilo que aconteceu no Tua. Ao olharmos a brutalidade de certos acontecimentos num país que renega o caminho de ferro e deixa portugueses morrer devido à incúria com que trata esse património, só nos resta mesmo aceitar que talvez a sorte dos néscios nos bafeje eternamente e nos impeça de sucumbirmos perante a interminável estupidez de quem nos governa.

Não se trata pois do acidente em si, trata-se da atitude perante as coisas. É aí, nessa intersecção da realidade, que nos afundamos...

Luís Isidro Guarita

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Um país a saque


O objectivo da criminosa reforma das leis penais, levada a cabo o ano passado por acordo entre o PS e o PSD, foi apenas um: esvaziar as prisões.

O resultado está à vista de todos. O país mergulhou numa onda de crimes violentos sem precedentes. Bancos, bombas de gasolina, estações de correios, tribunais, restaurantes, ourivesarias, carros e pessoas estão a saque.

Os marginais são repetidamente apanhados a cometer os mesmos crimes e logo postos em liberdade.

Com a sensatez e a oportunidade a que nos vem habituando, o Procurador-Geral da República disse ontem aquilo que o país inteiro anda há muito tempo a dizer: “o hiper garantismo concedido aos arguidos colide com o direito das vítimas, com o prestígio das instituições e dificulta e impede muitas vezes o combate eficaz à criminalidade”, acrescentando esperar “que o legislador proceda aos ajustamentos legais que se mostrem necessários”.

Logo veio a terreiro o Ministro da Justiça, Alberto Costa, recusando qualquer alteração às leis penais.

Há aqui qualquer coisa que não se entende. Aquilo a que estamos a assistir é uma autêntica operação de desmantelamento da autoridade do Estado.

Até quando vai o país tolerar a incompetência e a irresponsabilidade deste governo em matéria de segurança e justiça?

É preciso pôr fim a esta bandalheira.

João Castanheira

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Onde pára a polícia?

Ontem decidi fazer um passeio em família pela baixa de Lisboa.

Estacionei o carro na Praça do Município e fui até à Praça do Comércio, onde me misturei com os turistas, numa feira de rua mixuruca que a câmara ali instalou. Ao lado há uns esboços de esplanadas, com cadeiras de plástico, como se fossem buteques de caracóis em Pirescouxe.

Depois, subi a Rua Augusta, dei a volta ao Rossio, meti pela Rua do Carmo, virei para a Rua Garret e sentei-me a comer um gelado numa esplanada perto do Camões.

Dei mais umas voltas pelo Chiado, fui até à Rua Ivens, desci a Rua Nova do Almada e dirige-me de novo à Praça do Comércio.

Em todo este trajecto pelo coração de Lisboa não encontrei um único polícia. Pelo contrário, ao longo do percurso fui abordado por diversos vendedores de óculos contrafeitos, artigos em “ouro” e “chamon”. Eu e muitos dos lisboetas e turistas que dedicaram a tarde de domingo a passear por Lisboa.

Antes de entrar para o carro passei junto à esquadra da PSP da Rua do Arsenal e dei de caras com uma cena verdadeiramente surreal: à porta estavam dois seguranças privados!

Mas afinal onde é que pára a polícia?

Passei a semana anterior em diversas cidades da Polónia e em todas elas se respira um ambiente de segurança e tranquilidade, com agentes da autoridade nos locais turísticos, nas estações de comboio e em todos os pontos estratégicos. E não se vê por lá um décimo da fauna que por aqui vagabundeia.

Então e os nossos polícias, por onde andam?

Estarão fechados nas esquadras, estarão a passar multas de trânsito, estarão em casa a descansar? Ou talvez, quem sabe, estejam a fazer uns gratificados nos campos de futebol.

Ou isto muda ou, em breve, os passeios por Lisboa não passarão de uma vaga memória.

João Castanheira

domingo, 24 de agosto de 2008

Cracóvia


Cracóvia, capital cultural da Polónia e cidade Património Mundial da Humanidade, é um enorme museu vivo.

Por estes dias, o mundo inteiro parece confluir na cidade, transformando-a numa Babel de culturas e línguas, um mar de gente que se espalha por ruas agitadas e praças coloridas.

E Cracóvia recebe o mundo de braços abertos, surpreendendo os visitantes com a cara lavada e com uma animação que parece não ter fim.

Mais do que em qualquer outro lugar, o coração de Cracóvia bate na Rynek Glówny, sem dúvida uma das mais belas praças do mundo, onde se exibem músicos inspirados e geniais artistas de rua, pontuados pelo bater dos cascos dos cavalos.


Custa ter que dizer adeus a uma cidade assim.

João Castanheira

Zaragoza, Expo 2008





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Em Zaragoza, através da Água, a Espanha celebra o seu orgulho...

Luís Isidro Guarita

sábado, 23 de agosto de 2008

Viagem ao Inferno



Nenhuma palavra é suficiente para descrever a monstruosidade dos crimes cometidos pela Alemanha Nazi.

Esta semana, visitei os campos de extermínio de Auschwitz e Birkenau, na Polónia, e dei de caras com a face mais negra e brutal da humanidade.

Percorrer as câmaras de gás, os fornos crematórios ou os subterrâneos do bloco 11 de Auschwitz – o pavilhão da morte – é descer ao inferno e enfrentar os demónios mais sombrios.


Ali, tudo cheira a tortura, a morte e a um sofrimento sem fim: a forca móvel, a sala onde foram ensaiadas as primeiras experiências de extermínio em massa com gás zyklon B, os esconsos sufocantes onde os prisioneiros eram esquecidos até morrerem de sede, fome ou falta de ar...

Está lá tudo. Das celas parecem desprender-se gritos lancinantes de terror e pelos corredores circulam ainda os fantasmas dos carrascos, tomados por um ódio sem limites.

No bloco ao lado, os prisioneiros eram submetidos às mais macabras e criminosas “experiências médicas” e no pátio entre estes dois blocos ficava a parede de execuções, onde muitos milhares de homens e mulheres foram sumariamente fuzilados.

Os requintes de sadismo e malvadez do regime de Adolf Hitler, patentes em todo o campo, ultrapassam o imaginável, mesmo para as mais pérfidas mentes humanas.

Entre 1939 e 1945, o campo de Auschwitz foi um verdadeiro matadouro humano, mas na sua imparável loucura rumo ao abismo, os nazis queriam mais. O objectivo era concluir rapidamente a chamada “solução final para o problema judeu”, assassinando cerca de 11 milhões de pessoas.
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Por isso, em 1941 construíram o campo de Auschwitz II (Birkenau), uma gigantesca fábrica de matar, onde chegaram a viver como animais perto de 100.000 pessoas.


Os prisioneiros eram transportados durante vários dias em vagões para gado, sucumbindo muitos deles durante a viagem.


À chegada, aqueles que eram considerados aptos para o trabalho escravo nas fábricas do regime eram encaminhados para o campo. A maioria, porém, seguia directamente para o extermínio nas câmaras de gás, neles se incluindo as crianças, os velhos, os doentes e as mulheres grávidas.

Nesta orgia de tortura e morte, só em Auschwitz e Birkenau foram assassinadas cerca de um milhão e meio de pessoas. Sobretudo judeus e seus descendentes, mas também ciganos, homossexuais, testemunhas de Jeová e adversários políticos.

A Polónia tem feito um admirável trabalho de preservação da nossa memória colectiva, mantendo de forma irrepreensível, entre outros lugares de horror, os campos de Auschwitz e Birkenau, que desde 1979 são considerados Património Mundial da Humanidade.
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O mundo jamais poderá esquecer o que ali se passou.

João Castanheira

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Um país lixado

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O Prof. Vital Moreira tem sido, para os autores deste blog, uma espécie de fonte de inspiração. Habitualmente o que ele escreve representa o contrário de tudo aquilo em que acreditamos, no entanto e no caso que levou ao presente post, não. O artigo que o Prof. escreveu na edição do Público desta última terça feira é uma síntese lapidar do país lixado que temos.

De facto, a falta de educação cívica e o inenarrável desrespeito que muitos dos nossos compatriotas têm pelo que é de todos nós, são inigualáveis. Em Portugal, o estranho hábito de sujar, emporcalhar, ocupar clandestinamente e destruir tudo o que é público, é uma prática arreigada e uma forma de vida que se colou ao ser português e que aos poucos vai destruindo e descaracterizando tudo o que de excepcional e belo ainda existe no nosso país.

Assim, e se há reforma que interessa impor essa é a reforma das mentalidades e da educação cívica, a bem do pouco que resta. O outro Portugal merece!

Luís Isidro Guarita

Força Naide!

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Temos, por hábito, justificar a nossa falta de trabalho e empenho com a proverbial e muito portuguesinha falta de sorte. No entanto e neste caso, a sorte teve de facto o seu papel!

Naide Gomes é, sem sombra de dúvida, uma atleta de excepção e um orgulho para todos aqueles que apreciam atletismo e que gostam de ver as cores nacionais vencer.

A Naide Gomes já o fez com as nossas cores por diversas vezes, desta vez não o conseguiu, sei, no entanto, que o tornará a conseguir e sei, sobretudo, que por tudo o que aquilo que já fez, merece, neste momento, o nosso maior elogio.

Força Naide!

Luís Isidro Guarita

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Em Pequim tudo normal

Até agora, tudo normal em Pequim.

Decepção no judo, decepção no tiro, decepção na esgrima, decepção no atletismo...

Um dos portugueses eliminados dizia esta manhã que à hora da prova devia era estar na caminha.

Só mesmo Naide Gomes, Vanessa Fernandes ou Nelson Évora poderão quebrar o ritmo de excursão que se apoderou da representação nacional.

Apenas eles poderão evitar que estes jogos fiquem na história pela maior comitiva turística alguma vez enviada por Portugal a uns Jogos Olímpicos.

Recorde-se que o país investiu 13 milhões de euros na preparação olímpica e que o objectivo mínimo definido pelo Comité Olímpico de Portugal passa pela conquista de 4 medalhas.

João Castanheira

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Este país não tem emenda

A história do assalto a um armazém de materiais de construção, em Loures, é toda ela reveladora do estado de agonia profunda a que chegou este país.

Tudo começou quando dois meliantes decidiram levar o filho para um assalto.
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Instados a parar por uma patrulha da GNR, os bandidos puseram-se em fuga, não hesitando em tentar atropelar o agente da autoridade que se lhes atravessou no caminho.

A GNR fez o que tinha que ser feito: disparou para tentar imobilizar a viatura, mas, por um lamentável azar, um dos tiros atingiu a criança que se escondia no interior da carrinha.

Resultado: o agente da autoridade foi constituído arguido e sujeito a termo de identidade e residência. Já os meliantes, apanhados na posse do material roubado e de um pequeno arsenal, foram de imediato postos em liberdade. Resultado: fugiram.

Soube-se agora que um dos bandidos que o tribunal se apressou a libertar e que, obviamente, se encontra a monte, era um perigoso assaltante, evadido da cadeia de Alcoentre desde o ano 2000. Apesar de ter espalhado o terror no sul do país, roubando e batendo em idosos, o assaltante foi naquela altura colocado a vindimar, em regime aberto. Resultado: fugiu.

Não me admiro que ao longo destes anos tenha vivido numa casa oferecida pelo Estado e que tenha até beneficiado do Rendimento Mínimo Garantido. Aparentemente, o cruzamento de informações só serve para perseguir os contribuintes que têm o hábito de pagar os seus impostos.

Quanto ao meliante, apesar de apanhado em flagrante, enganou o tribunal e voltou a fugir.

De quem é a culpa? Ou muito me engano ou o único culpado será o agente da autoridade que tentou cumprir a sua missão.

Este país não tem emenda.

João Castanheira

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Mais duas obras de arte!

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Pequim 2008, ou a arquitectura em todo o seu esplendor!

O Cubo de Água - Centro Nacional de Desportos Aquáticos.


.O Teatro Nacional.


E que vivam os Jogos...

Luís Isidro Guarita

Abortámos!

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O Aborto livre e à escolha do freguês foi, durante anos, a causa maior de uma certa intelligentsia cá do rectângulo, que achava que, naquele acto, se condensava toda a afirmação da mulher enquanto dona e senhora do seu corpo. 

Foi finalmente e à segunda que a causa foi adquirida e que, com tal ensejo, se tornou a mulher, em Portugal, mais livre, mais independente e sobretudo mais dona de si.

Nesta pugna pela liberdade da barriga, o arraso perpetrado sobre o valor primordial da vida humana foi um mero dano colateral.

Naqueles tempos, antes do referendo que tudo libertou, imperava em Portugal uma espécie de, diziam elas e eles, lei medieval (curiosamente similar à que existe ainda em Espanha, essa terra medieva) que oprimia e perseguia mulheres e potenciava o aborto clandestino.

Pois é precisamente neste detalhe, o do aborto clandestino, que acabámos por abortar colectivamente face à muralha da realidade.

Os números que, apesar de quase clandestinos em si mesmos, vão surgindo, não revelam uma descida acentuada deste flagelo e continuam a retratar uma realidade, no que aos mecanismos de realização do aborto concerne, em tudo idêntica àquela que tínhamos antes da nova lei. Ou seja, continuamos na mesma. E isto, tendo em conta a propaganda que esteve na base da aprovação da nova lei, é profundamente chocante!

Actualmente e após quase termos abdicado de políticas de verdadeiro incentivo à natalidade e suporte à família (as medidas entretanto aprovadas neste sentido são uma gota de água face à perda anual na natalidade) temos a aberração de, ao que tudo indica, não termos sido capazes de pôr termo à razão central que sustentava a necessidade desta nova lei. Por isto, é imperioso colocar a seguinte questão. Onde estão, agora que tudo indica que os velhos hábitos se foram mantendo, aqueles que tanto invectivavam a suposta monstruosidade da lei anterior? Já não os preocupa o aborto clandestino?

Enfim, com todas as consequências que daí decorrem e como em tantas outras coisas por cá, ao que parece, a lei do aborto abortou...

Luís Isidro Guarita

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Coitadinho do bandido

Não há paciência.

Para o Daniel Oliveira, a operação policial de ontem, na agência do BES de Campolide, foi a pior de sempre em Portugal.

Porquê? Porque um dos bandidos foi morto e para a nossa esquerda caviar isso é um erro intolerável.

Aliás, é para evitar erros como este que o Bloco de Esquerda defende que a polícia deve andar desarmada – embora os bandidos andem cada vez mais armados.

Para ilustrar na perfeição os complexos que paralisam a cabeça desta gente, o Daniel Oliveira atira-se de seguida a um comentador televisivo, que se debruçou sobre o facto dos marginais serem brasileiros.

Para o Daniel Oliveira, nem os bandidos de ontem eram brasileiros nem os de há uns dias eram ciganos. A simples constatação destes factos corresponde a uma afirmação xenófoba ou racista.

Para os bloquistas, trata-se apenas de jovens, a quem o país deve aliás um pedido de desculpas, muito apoio psicológico e um subsídio especial de reintegração.

Os parabéns à nossa polícia, que actuou com grande competência e que deu à bandidagem o sinal que era necessário dar.

João Castanheira

Belíssimo

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O Estádio Nacional de Pequim - Ninho de Pássaro - onde hoje, dia 08/08/08, às 08:08, começa a vigésima nona edição dos Jogos Olímpicos.
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João Castanheira

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

O holocausto florestal


Quando era ministro do ambiente, José Sócrates decretou a imprescindível utilidade pública de uma urbanização com dois centros comerciais e sete mil e quinhentos apartamentos – a Nova Setúbal.

Como português, eu agradeço a sensibilidade ambiental do primeiro-ministro. Que avancem os bulldozers, pois o interesse público subjacente à construção de apartamentos privados não se compadece com mariquices.

Em boa verdade, para que servem 1.200 sobreiros senão para fazer lenha?

Pense-se nos benefícios ambientais deste projecto, por exemplo em matéria de saneamento básico. Serão, pelo menos, mais quinze mil retretes, que todos poderemos utilizar, já que são de imprescindível interesse público. Julgo mesmo que o lema desta nova urbanização deveria ser "em cada casa um urinol público".

De PIN em PIN, de interesse público em interesse público, avança imparável o holocausto florestal. Aqui como na Amazónia, o “progresso” vai devorando a verdura, até ao dia em que acabarmos todos com a cabeça enfiada numa saca de cimento.

João Castanheira

savemiguel.com

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Uma ideia fantástica por uma causa maior!

Visitem o site www.savemiguel.com, vão ficar agradavelmente surpreendidos sobretudo porque vale mesmo a pena. A causa que defende é de todos nós, especialmente aqueles que habitam esta nossa lusa pátria, mas não deixa de ser, ou melhor, é mesmo, uma causa universal...

Independentemente da publicidade, salvem o Miguel!

Luís Isidro Guarita

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

O homem Eucalipto

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Há razões que nem a melhor das razões entende. Bem, neste caso, o do homem Eucalipto, há uma razão que entende, a razão das celuloses.

Escrevia, nas páginas de um conhecido diário cá da praça, um senhor, a que dou o cognome de o Homem Eucalipto, a propósito de uma homenagem a um suposto reconhecidíssimo silvicultor cuja obra magna foi ter aberto as serras e vales portugueses à plantação do Eucalipto, que era fundamental, senão mesmo imperioso à economia portuguesa, que se levasse a cabo um programa intensivo de plantação de eucaliptos numa tal de faixa ecológica que o tal silvicultor, que o Homem Eucalipto homenageava, havia identificado. Essa faixa ocupava, mais coisa menos coisa, todo o litoral português.

Para este homem, de pouco vale o nosso já depauperado património ambiental, as razões da razão das celuloses são o que vale, e lhe vale, pelos vistos. Não lhe interessa se o Eucalipto destrói as paisagens, os ecossistemas a biodiversidade e de caminho tenha um potencial incendiário enorme, alías exponenciado pelo clima e orografia  que temos. O que vale é o que dizia o dito silvicultor e a tal faixa ecológica (não sou tão mal este termo nesta frase?) que há para ocupar.

Plantem-se Eucaliptos, eucalipte-se, do Gerês à Ria Formosa, passando, já agora pelo Parque da Cidade no Porto e por Monsanto em Lisboa, eucalipte-se e de caminho exporte-se o Homem Eucalipto para a Austrália, que em boa verdade, é junto dos Koalas que o Homem se há de sentir bem...

E já agora, porque será que não há Eucaliptos na Suíça? Não haverá por lá nenhuma faixa ecológica para plantar? Ou será que o senso dos suíços e o seu cuidado com a preservação do património os impede de ter aberrações tipo Homem Eucalipto?

Luís Isidro Guarita



 


Que se há de fazer? A estupidez humana não tem limites!

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O João, há dias, lançava aqui um repto a favor dessa peça admirável de arquitectura que é, ou melhor, era, o mercado Kinaxixe em Luanda. Muitos outros fizeram o mesmo, procurando salvar uma peça única do património angolano. Lamentavelmente em vão...

Angola e Luanda em particular possuem, como poucas cidades em África, uma inigualável variedade de edifícios do século XX, de uma beleza arquitectónica absolutamente esplendorosa. Eles são, independentemente de quem os tenha construído (mas será que alguém imagina a demolição das igrejas na praça Zócalo na cidade do México só porque foram construídas pelos espanhóis?) um património único, que, acreditaria eu, se deveria preservar. Mas não! São, pelos vistos, para demolir.

O Kinaxixe é já uma memória...

Luís Isidro Guarita


Selvajaria

Já está. O Mercado de Kinaxixe, em Luanda, veio abaixo.

Há pouco mais de uma semana, escrevi aqui que a demolição criminosa daquele ex-libris da arquitectura modernista estava iminente.

E assim foi. O velho mercado não resistiu à gula febril - alimentada a petróleo - que tomou conta de Luanda.

No seu lugar, vai nascer mais um mono em vidro, com um centro comercial ladeado por duas torres incaracterísticas.

Em frente ao exibicionismo novo-riquista que ali se há-de instalar, continuará a existir uma espécie de musseque vertical, construído no esqueleto de um arranha-céus de 20 andares.
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Quando os comunistas aderem ao capitalismo, a selvajaria parece não conhecer limites.

João Castanheira

Um dia na vida de um Regime

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O regime soviético começou a cair no dia 11 de Dezembro de 1918! Nesse dia e nesse ano nasceu Alexandre Soljenitsin.

Foi um homem cheio de defeitos e virtudes, aliás como o século em que nasceu e viveu a maior parte da sua vida, mas foi um homem imenso!

Soljenitsin ajudou-nos, como poucos, a constatar duas coisas. Por um lado a loucura concentracionária e abjecta do regime comunista na União Soviética e por outro a absoluta hipocrisia de muitos intelectuais que, apesar das evidências, continuaram a afastar a vista da realidade daquele regime e a defendê-lo. A sua coragem e lucidez, o arrojo da sua escrita e a liberdade da sua atitude são um exemplo único e uma memória para o futuro.

Às vezes basta a coragem de um homem para mover montanhas, Soljenitsin teve-a, e nós estamos-lhe gratos por isso. Bem haja.

Luís Isidro Guarita



Os anos de chumbo e o chumbo das nossas atitudes


Durante a década de 7o em Itália, um bando de loucos dedicou-se, a coberto de uma ideologia, ao assassínio, ao rapto, à extorsão e ao roubo. Esse bando tinha o nome de Brigadas Vermelhas e ganhou a posteridade no espectacular e lamentável rapto e assassínio de Aldo Moro, à data Primeiro Ministro de Itália.

Naqueles tempos e ainda fruto de um certo fervor revolucionário que bebia na pátria do comunismo a sua inspiração, metade da Europa esteve a ferro e fogo - nós por cá tivemos o nosso PREC, com as consequências que ainda hoje se conhecem e sentem. Foram os anos de chumbo. Desses tempos, restaram as memórias e os ex.

Os ex são antigos membros destes grupos que agora, sob o peso do tempo, passeiam as suas mágoas ao abrigo das democracias que tentaram dinamitar. Alguns ficaram pelos países de onde eram originários, sem quem a lei lhes tocasse, outros foram parar aos calabouços e outros houve que, perante a lei, saltaram fronteiras.

Muitos deles encontraram na França o seu paraíso pós-revolucionário, descobrindo aí um santuário democrático para a sua reforma. A França, na sua grandeur achou, durante muitos anos, que, apesar dos insistentes pedidos de extradição, nenhuma acção devia levar a cabo para devolver estas senhoras e senhoras à justiça. 

No entanto e nos últimos anos esta atitude tem mudado e muitos destes facínoras tem sido devolvidos à justiça dos países por onde passearam a sua sanha revolucionária.

Foi nesta linha que há meses atrás o Primeiro Ministro Francês ordenou a extradição de uma venerável senhora, ex-membro das Brigadas Vermelhas. Ao fazê-lo agiu bem e sobretudo soube honrar a memória dos que às mãos destes bandos perderam as suas vidas.

Contudo e ao que parece a Sra. estará com problemas de saúde e também ao que parece, solicitou, ao abrigo desses problemas, uma suspensão, por razões humanitárias, da sua extradição.

Perante isto ocorre-me o seguinte. Caso a suspensão seja aceite que diremos nós, numa certa Europa, àqueles que por aí andam a imaginar mais uma bomba, mais um rapto, mais uma extorsão, mais um assassínio? Que está bem, que a democracia tem destas coisas, que a pulsão revolucionária há-de passar com o tempo e que pouco importa que hoje alguém morra porque no futuro haverá com certeza nesta Europa Iluminada quem se disponha a perdoar o desvario. 

Lá está, cá no continente, de facto, a saúde dixit...

Luís Isidro Guarita

 

 

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

O melhor negócio do mundo

Há em Portugal um negócio mais rentável que o tráfico de droga ou o tráfico de armas.

Refiro-me à alteração do uso do solo para fins imobiliários, actividade em que se especializaram alguns investidores do nosso país.

Compram terrenos agrícolas ou industriais ao preço da chuva e, num passe de mágica, conseguem que as câmaras municipais os transformem em zonas urbanizáveis.

As mais-valias que resultam destes processos atingem, frequentemente, as dezenas de milhões de euros.

Por razões óbvias, esta é uma porta aberta à corrupção, à especulação imobiliária e ao desordenamento do território.

Toda a gente sabe o que passa, mas ninguém parece interessado em resolver o problema. Um problema que só se resolve no dia em que as mais-valias resultantes da alteração do uso do solo reverterem, integralmente, para o Estado.

Se eu fosse primeiro-ministro por um dia, esta seria a primeira medida que tomava.

João Castanheira

O condomínio "Moderna"


Há cerca de dois anos, os apetecíveis terrenos da Universidade Moderna foram vendidos a um investidor imobiliário.

Pouco depois, o investidor imobiliário anunciou para aquela área um projecto habitacional de luxo, orçado em 46 milhões de euros.

Esse projecto imobiliário não respeita o Plano Director Municipal de Lisboa.

O Plano Director Municipal de Lisboa está em fase de revisão.

Ontem, o Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior anunciou a intenção de encerrar compulsivamente a Universidade Moderna, por falta de viabilidade económica.

Alguém adivinha como é que esta história vai acabar?

João Castanheira

Silly Season

O país anda, há meses, mergulhado numa depressão profunda e os portugueses têm a vaga impressão de que a classe política se está nas tintas para os seus problemas reais.

Nota-se uma divergência evidente entre as prioridades das pessoas e a cada vez mais fantasiosa agenda política. Parece haver um mundo real, onde circulam os portugueses, e um mundo virtual, onde os governantes se divertem a brincar aos países desenvolvidos.

No mundo real, o petróleo, os juros e o desemprego batem recordes diariamente. No mundo virtual, organizam-se espectáculos “bollywoodescos” para oferecer milhões de computadores aos meninos da escola primária.

No mundo real, todos os dias fecham fábricas de sapatos, soutiens e ceroulas. No mundo virtual anunciam-se fábricas de computadores, aviões e componentes para naves espaciais.

Ontem, o fosso entre os dois mundos agudizou-se, com a declaração ao país do Presidente da República.

O momento era solene. Pela primeira vez, Cavaco Silva decidira dirigir-se formalmente aos portugueses. Os assessores tinham avisado que a coisa era séria.

Às oito da noite, o país sentou-se ansioso em frente à televisão. Teria Cavaco Silva encontrado a solução para algum dos problemas do mundo real? Estaria doente? Iria anunciar a sua demissão? Teria decidido dissolver a Assembleia da República?

O ar grave e sério do Presidente da República conferiu à ocasião um dramatismo insuportável. Portugal ficou com os nervos em franja.

Ao fim de um minuto, percebeu-se que, afinal, o Presidente da República estava preocupado com o número de pessoas que teria que ouvir caso algum dia decidisse dissolver a Assembleia da Legislativa dos Açores.

Tragam os Prozacs, que a gente assim não se aguenta.

João Castanheira