sábado, 3 de novembro de 2007

A Um Deus Desconhecido

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É um disco intemporal. É, provavelmente, a mais bela e genial colecção de canções que alguma vez se escreveu em Portugal. O primeiro álbum da Sétima Legião foi um rasgo de génio sem paralelo, um momento ímpar de inspiração – criatividade em estado puro.

A obra vale por si. As canções resistiram ao tempo, amadureceram e transformaram-se em clássicos, mil vezes revisitados por uma imensa minoria.

A Um Deus Desconhecido é uma obra de rotura, um disco afrente do seu tempo. Quando foi editado, em 1984, vivia-se a ressaca do boom do rock português. Eram as chicletes e os patchoulys, todo um universo musical dominante onde não encaixava a estética vanguardista e a atmosfera sufocante que caracteriza o álbum da Sétima Legião.

A Um Deus Desconhecido fará em breve vinte e cinco anos. Uma efeméride que importa celebrar. Ao génio criativo do Rodrigo Leão, do Pedro Oliveira e dos restantes membros da banda ficamos a dever muito do que tem sido a melhor música moderna portuguesa. A eles e à lendária Fundação Atlântica, editora independente criada pelo Miguel Esteves Cardoso, pelo Pedro Ayres Magalhães e pelo Ricardo Camacho.

A Fundação Atlântica foi a nossa Factory, uma extraordinária aventura editorial que durou menos de três anos. Uma vida demasiado curta, mas ainda assim suficiente para nos legar, entre outros, um tesouro chamado A Um Deus Desconhecido. A banda sonora de uma geração.

João Castanheira

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