quarta-feira, 30 de abril de 2008

Uma democracia à maneira


Li, por estes dias, que em Angola e tendo em vista as próximas eleições (próximas é um eufemismo meu porque em boa verdade não me recordo de quando foram as últimas), está em preparação uma alteração legislativa que visa distanciar no tempo a divulgação dos resultados eleitorais do acto em si. Uma coisa simples, dizem eles, sem nada de mais, apenas destinada a adaptar a complexidade destes processos à realidade do país.

Tudo isto, escrito escorreitamente e sem considerações de maior, poderia, ao mais distraído dos leitores, parecer um acto da mais absoluta naturalidade. Contudo e se nos concentrarmos no país onde tal medida está a ser preparada, Angola, nos seus pregaminhos democráticos, nos recentes acontecimentos do seu aliado e protegido Zimbabwe e no assinalável facto de um navio, que navegando pelas águas do atlântico sul acaba de despejar a sua carga (armas) no porto de Luanda a caminho das mãos dos facínoras ainda no poder em Harare, país onde nas últimas eleições a divulgação dos resultados eleitorais trouxe uns pequenos problemas à clique do Sr. Mugabe, tudo começa a ser mais límpido e objectivo.

Em suma, há, do ponto de vista de alguns em Angola, que precaver o futuro, não vá o povo fazer das suas e, nas tais eleições que um dia hão de ocorrer na pátria dos Palancas Negras, ter a triste ideia de apear pelo voto os seus actuais e iluminados dirigentes.

Assim e como se vê, em Angola, a democracia lá vai caminhando à maneira, a deles, ou melhor, a de alguns.

Luís Manuel Guarita

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