quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Este país não tem emenda

A história do assalto a um armazém de materiais de construção, em Loures, é toda ela reveladora do estado de agonia profunda a que chegou este país.

Tudo começou quando dois meliantes decidiram levar o filho para um assalto.
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Instados a parar por uma patrulha da GNR, os bandidos puseram-se em fuga, não hesitando em tentar atropelar o agente da autoridade que se lhes atravessou no caminho.

A GNR fez o que tinha que ser feito: disparou para tentar imobilizar a viatura, mas, por um lamentável azar, um dos tiros atingiu a criança que se escondia no interior da carrinha.

Resultado: o agente da autoridade foi constituído arguido e sujeito a termo de identidade e residência. Já os meliantes, apanhados na posse do material roubado e de um pequeno arsenal, foram de imediato postos em liberdade. Resultado: fugiram.

Soube-se agora que um dos bandidos que o tribunal se apressou a libertar e que, obviamente, se encontra a monte, era um perigoso assaltante, evadido da cadeia de Alcoentre desde o ano 2000. Apesar de ter espalhado o terror no sul do país, roubando e batendo em idosos, o assaltante foi naquela altura colocado a vindimar, em regime aberto. Resultado: fugiu.

Não me admiro que ao longo destes anos tenha vivido numa casa oferecida pelo Estado e que tenha até beneficiado do Rendimento Mínimo Garantido. Aparentemente, o cruzamento de informações só serve para perseguir os contribuintes que têm o hábito de pagar os seus impostos.

Quanto ao meliante, apesar de apanhado em flagrante, enganou o tribunal e voltou a fugir.

De quem é a culpa? Ou muito me engano ou o único culpado será o agente da autoridade que tentou cumprir a sua missão.

Este país não tem emenda.

João Castanheira

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