
Durante a década de 7o em Itália, um bando de loucos dedicou-se, a coberto de uma ideologia, ao assassínio, ao rapto, à extorsão e ao roubo. Esse bando tinha o nome de Brigadas Vermelhas e ganhou a posteridade no espectacular e lamentável rapto e assassínio de Aldo Moro, à data Primeiro Ministro de Itália.
Naqueles tempos e ainda fruto de um certo fervor revolucionário que bebia na pátria do comunismo a sua inspiração, metade da Europa esteve a ferro e fogo - nós por cá tivemos o nosso PREC, com as consequências que ainda hoje se conhecem e sentem. Foram os anos de chumbo. Desses tempos, restaram as memórias e os ex.
Os ex são antigos membros destes grupos que agora, sob o peso do tempo, passeiam as suas mágoas ao abrigo das democracias que tentaram dinamitar. Alguns ficaram pelos países de onde eram originários, sem quem a lei lhes tocasse, outros foram parar aos calabouços e outros houve que, perante a lei, saltaram fronteiras.
Muitos deles encontraram na França o seu paraíso pós-revolucionário, descobrindo aí um santuário democrático para a sua reforma. A França, na sua grandeur achou, durante muitos anos, que, apesar dos insistentes pedidos de extradição, nenhuma acção devia levar a cabo para devolver estas senhoras e senhoras à justiça.
No entanto e nos últimos anos esta atitude tem mudado e muitos destes facínoras tem sido devolvidos à justiça dos países por onde passearam a sua sanha revolucionária.
Foi nesta linha que há meses atrás o Primeiro Ministro Francês ordenou a extradição de uma venerável senhora, ex-membro das Brigadas Vermelhas. Ao fazê-lo agiu bem e sobretudo soube honrar a memória dos que às mãos destes bandos perderam as suas vidas.
Contudo e ao que parece a Sra. estará com problemas de saúde e também ao que parece, solicitou, ao abrigo desses problemas, uma suspensão, por razões humanitárias, da sua extradição.
Perante isto ocorre-me o seguinte. Caso a suspensão seja aceite que diremos nós, numa certa Europa, àqueles que por aí andam a imaginar mais uma bomba, mais um rapto, mais uma extorsão, mais um assassínio? Que está bem, que a democracia tem destas coisas, que a pulsão revolucionária há-de passar com o tempo e que pouco importa que hoje alguém morra porque no futuro haverá com certeza nesta Europa Iluminada quem se disponha a perdoar o desvario.
Lá está, cá no continente, de facto, a saúde dixit...
Luís Isidro Guarita
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