sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Entre Lourenço Marques e Maputo.


Para quem goste de arquitectura e urbanismo visitar a actual Maputo é um festim visual sem igual! Não tenho a certeza que exista, em toda a restante África, outra cidade com esta dimensão onde num brevíssimo intervalo de tempo, cerca de 20 anos, se tenha construído um tão fantástico louvor à arquitectura modernista e à sua corrente, como alguém escreveu, africana. Aqui, em cada uma das principais avenidas, na sua configuração, largueza e desafogo, há pequenas - às vezes bem grandes, diga-se, em abono da verdade - pérolas de arquitectura.


Por aqui, seja na mais pequena moradia, seja no mais alto dos prédios, o que se pode ver são obras fantásticas de uma arquitectura que empolga e que de resto, se comparadas com o que, na mesma data, se construía em Portugal (na sua larga maioria), só nos pode levar à conclusão que os portugueses daqui estavam numa galáxia completamente diferente dos portugueses daí... Aliás, observando o que aqui há, subsiste em mim a mais atroz das suspeitas. Há-de haver, na transposição do Equador, a caminho do norte, algo que transfigura... Basta olhar os bairros que os muitos então apelidados “retornados” construíram em Portugal e os que aqui deixaram para que essa dúvida passe a perplexidade.

Mas voltando ao belo. Em Maputo e apesar da degradação e da quase ruína do muito que aqui há construído, visitar aquilo que em tempos se chamou Lourenço Marques é percorrer um pouco do que a história da arquitectura moderna teve de mais sublime e inspirador, neste caso num registo único a Sul de Capricórnio. Vale a pena!

Luís Isidro Guarita

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