terça-feira, 29 de setembro de 2009

E às 19h00 do dia 27 venceu o bom senso...


E isto apesar de a extrema esquerda em Portugal se aproximar a passos largos dos 20% do eleitorado.

E isto apesar de termos Sócrates de novo.

E isto apesar da catástrofe eleitoral que ao segundo round o PSD sofreu. Vamos esperar pelo terceiro.

O que de facto acabou por vencer foi o bom senso. O bom senso de não termos, como indicavam muitas sondagens, uma extrema esquerda quase a roçar os 30% o que, numa dita democracia europeia do século XXI seria, não direi um escândalo, mas um inenarrável e absurdo anacronismo histórico. Aliás, cabe mesmo assim perguntar como podem ideologias baseadas em teses com mais de um século e que em todos os países em que foram levadas à prática apenas deixaram atrás de si um rasto de miséria e horror, continuar a exercer sobre tantos um tão forte apelo?

E venceu também o bom senso porque, para lá do brilho postiço das questões fracturantes houve, na embriaguez do suposto sucesso, máscaras que caíram e que, entre nacionalizações e afins, nos trouxeram a verdadeira face desta esquerda caviar. E o que se viu não foi bonito! Pena é que tal custe tantos votos.

E agora seguem-se os próximos episódios. Já de quantos se tratará, acho que é ao Dr. Portas que cabe a resposta...

E já agora, mais uma pequena originalidade portuguesa. Haverá mesmo, num país com pouco mais de 10 milhões de habitantes, mais de nove milhões de eleitores? Será que o meu filho de 7 anos afinal pode votar e eu não sei?

Luís Isidro Guarita

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Entre Lourenço Marques e Maputo.


Para quem goste de arquitectura e urbanismo visitar a actual Maputo é um festim visual sem igual! Não tenho a certeza que exista, em toda a restante África, outra cidade com esta dimensão onde num brevíssimo intervalo de tempo, cerca de 20 anos, se tenha construído um tão fantástico louvor à arquitectura modernista e à sua corrente, como alguém escreveu, africana. Aqui, em cada uma das principais avenidas, na sua configuração, largueza e desafogo, há pequenas - às vezes bem grandes, diga-se, em abono da verdade - pérolas de arquitectura.


Por aqui, seja na mais pequena moradia, seja no mais alto dos prédios, o que se pode ver são obras fantásticas de uma arquitectura que empolga e que de resto, se comparadas com o que, na mesma data, se construía em Portugal (na sua larga maioria), só nos pode levar à conclusão que os portugueses daqui estavam numa galáxia completamente diferente dos portugueses daí... Aliás, observando o que aqui há, subsiste em mim a mais atroz das suspeitas. Há-de haver, na transposição do Equador, a caminho do norte, algo que transfigura... Basta olhar os bairros que os muitos então apelidados “retornados” construíram em Portugal e os que aqui deixaram para que essa dúvida passe a perplexidade.

Mas voltando ao belo. Em Maputo e apesar da degradação e da quase ruína do muito que aqui há construído, visitar aquilo que em tempos se chamou Lourenço Marques é percorrer um pouco do que a história da arquitectura moderna teve de mais sublime e inspirador, neste caso num registo único a Sul de Capricórnio. Vale a pena!

Luís Isidro Guarita

Entre Maputo e a Cova da Moura.

Às vezes basta uma viagem para que os nossos pontos cardeais percam sentido!

De África tinha, entre ilusões e desilusões, a imagem do papel e dos ecrãs por onde, ao longo dos anos, os meus olhos regularmente viajaram. Por isso e porque nada nos pode preparar verdadeiramente para o que a realidade tem de diferente, a minha chegada a África, e mais concretamente a Maputo, foi um choque brutal!

Maputo é, para todos os efeitos, uma cidade de uma beleza admirável. À sombra de um urbanismo único, há avenidas admiráveis que se espraiam entre exemplos espantosos de uma arquitectura fulgurante e única! Abraçada pelo Índico abre-se a beleza prodigiosa da baía onde a cidade se aninhou. Aqui, sob a copa das Acácias que percorrem cada rua, há um pequeno pedaço de paraíso onde brilha o sol da África meridional.

Pelas ruas, onde caminham pessoas que são, na sua grande maioria, afáveis e gentis, há aqui um calor humano que em tudo se afasta do frio a norte e que nos devolve à magia deste continente. A vida, em cada momento, corre célere, entre vendedoras e vendedores a cada esquina, onde tudo se vende, do mais banal ao mais inacreditável, carrinhas que são transportes públicos - os chapas - cheias de gente, barulho, frenesim e um trânsito que começa a ser infernal, sobressai o bulício do dia-a-dia e há uma cidade que vibra - aqui não há o Tejo mas há o imenso Índico.

Em todo o lado se sente e em cada gesto ocorre um esforço sincero de fuga às contingências da vida, um esforço de desenvolvimento, de procura de soluções, de tentativa de aproximar este canto de África aos tão almejados padrões de vida que a norte servem de referência a tanto sul.

Mas depois há tudo o resto. E o resto aqui é imenso! Há o lixo, hoje muito melhor, segundo me dizem, mas ainda uma marca profundamente visível por todas as ruas, nalgumas mais disperso, noutras em montes, onde a higiene compromete e a saúde pública se condiciona.

Depois há a degradação urbana. E perante a qual uma pergunta imediatamente nos ocorre. Quanto anos mais aguentarão muitos destes magníficos edifícios, muitos deles com mais de 40 anos, sem que haja uma manutenção séria? E depois, ao passearmos nos passeios de cada avenida, sob a frondosa sombra de uma Acácia, há o problema das ruas, dos buracos e “crateras”, da ausência de manutenção dos sistemas de drenagem de águas, de esgotos, de pavimentos. Há em quase tudo o que é parte do ambiente urbano uma desoladora degradação. E há ainda, sobrevoando acima de tudo e dominando todas as paisagens, a pobreza. A pobreza chocante das pessoas, que entre a indignidade das vidas passadas no desespero da subsistência e a dignidade da luta de cada dia, acabam por ser raios de esperança. Há a pobreza traumatizante dos bairros na periferia, imensos e desoladores. No fundo há toda uma pobreza que marca um país, que entre tanto passado – o colonialismo, as guerras, o racionamento, a seca, a fome -, procura ardentemente um futuro. Um futuro onde caiba todo o esplendor desta maravilhosa terra onde apesar de tudo e enquanto português acabo por sentir um orgulho vaidoso do tanto que ainda por cá ficou e perdura da nossa memória colectiva e em relação ao qual me assalta um sincero desejo de sucesso.

E tudo isto, no limite, me recorda as espúrias e absurdas discussões sobre a Cova da Moura.

Há de facto e em tudo o que aqui vi um choque que a esquerda das favelas coloridas jamais poderá entender. Aqui, onde o socialismo real apenas trouxe a mais brutal e inimaginável penúria, o romantismo serôdio de alguns pela preservação de uma certa Cova da Moura, ou por uma qualquer perpetuação de uma suposta vida comunitária, mais não é que a manutenção eterna de degradantes ciclos de pobreza, e é, por isso, a mais absurda marca de uma indigência que aqui tanto se luta por ultrapassar e que a nós, aí, na confortável Europa, só nos devia envergonhar ao pretender manter.

Em África e em Maputo há uma realidade que nos demonstra com uma clareza chocante a miséria intelectual dos que em Portugal acham que colorir a miséria da Cova da Moura é a solução. Só mesmo o conforto indigente de uma certa esquerda soissante huitard se lembraria de tais insultos aos que aqui, longe do caviar, lutam todos os dias para ir além das supostas belezas antropológicas e etnográficas das ruelas da Cova da Moura e procuram, desesperadamente, um pedaço do conforto que aí, alguns se acham no direito de recusar aos que daqui e de outros pontos deste continente para aí emigram à procura do contrário de tudo o que acabaram por encontrar. A bênção de uma certa esquerda à perenidade do bairro da Cova da Moura só me faz pensar que, de facto, há uma certa etnografia e antropologia cultural que sempre me irritaram.

E por tudo isto, aqui, no continente onde tudo começou, há um tempo que ficou e um novo e melhor tempo que de certeza virá. Aí, pelos vistos, há apenas um regresso ao passado. O problema é que é ao passado dos outros e não ao nosso. Aquele passado de museu de história natural que tanta esquerda aprecia mas que fica longe, muito longe, das vidinhas coloridas que na realidade levam.

Há de facto alturas em que uma estadia longa no bairro de Infulene faria muito bem a certas cabeças, pelo menos descoloria-lhes a estupidez.

Luís Isidro Guarita

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

A esquerda e o fanatismo Islâmico.



Na verdade, nada no Islão me incomoda quando o olhamos como mais uma das religiões do Livro. As crenças alheias, professem elas o que professarem são, aos meus olhos, matérias do foro privado de cada um, desde que, e é aqui que tudo muda, elas não achem que as minhas crenças, ou a ausência delas, se tenham de sujeitar às crenças de outros.

A liberdade, tal como a concebo, assenta primeiro na liberdade de cada um para escolher aquilo em que acredita. Qualquer diminuição disto, seja ela de que forma for, é uma diminuição da liberdade que temos e por isso um preceito inaceitável.

O Islão, nas suas formas mais radicais e actuais, é exactamente a epítome do princípio do não respeito pela liberdade e crenças alheias. O Islão radical é por isso uma doutrina fascista e xenófoba que, através do ódio, procura a submissão de todos quantos não professem os seus credos.

Dito isto, que nem sequer se reveste de qualquer originalidade, há um problema que para mim se coloca, no mundo e mais particularmente na Europa, que é o do crescimento exponencial deste Islamismo fascista, crescimento esse que no velho continente se baseia numa evidência: onde na Europa reina uma cultura dominada pelo relativismo, maleável e profundamente insegura, subsiste o terreno fértil para o crescimento de uma cultura segura de si, confiante e ancorada num quadro doutrinário coeso. Esta realidade e as suas consequências são uma brecha brutal na fortaleza de valores, culturas e diversidade que a Europa representa e são, nas inevitáveis consequências que o avanço de um padrão cultural fascista significa, o maior e mais grave problema com que a Europa actual se confronta. E há ainda o paradigma demográfico europeu para nos demonstrar o perigoso caminho que percorremos!

Mas não é verdadeiramente no Islão radical que reside o problema, é em nós próprios, europeus, e no modo como temos vindo a ser capazes de, peça a peça, desconstruir um património único que ao longo de séculos, com imensos custos, alguns quase insuportáveis, fomos construindo. A quebra das correntes que ligavam princípios considerados basilares e o avanço da relativização absoluta é o mal que nos consome e é o caminho certo para a derrota dos valores que aqui e no mundo nos distinguiram da barbárie e selvajaria, mesmo quando nós próprios não soubemos evitar a quase auto-destruição.

E nisto, nesta espécie de niilismo pós moderno, há a esquerda europeia actual, as suas mundivisões, os seus dogmas e verdades absolutas e o seu radicalismo do politicamente correcto, onde tudo o que não se pode relativizar é reduzido ao obscurantismo e onde o igualitarismo jacobino é cada vez mais o dogma que nos há-de guilhotinar colectivamente.

E em tudo isto há ainda o multiculturalismo fascizante onde não é a visão das diferentes culturas que triunfa, cada uma com as suas diversidades próprias mas todas diferentes e respeitadoras, mas a integração forçada das mesmas, sendo que neste caso, a idiotia multicultural acha que eu em Roma devo ser romano mas que os romanos aqui podem continuar a ser romanos… Deveras glorioso e ilustrativo, ou seja, na verdade tudo o que aqui na Europa é um património de valores único, deve ser indiferente perante o esplendor das culturas onde o roubo significa o corte de uma mão e a excisão feminina é um princípio cultural! Em suma, depois da noite da idade média há agora uma nova noite que desce no firmamento. Sem dúvida um avanço para todos nós…

Na verdade, é cada vez mais óbvio que a nossa submissão, aliás, neste capítulo na Holanda a morte de Theo Van Gogh e as suas consequências são ilustrativas, é único traço comum que temos para apresentar perante o avanço da intolerância radical daqueles que a este continente chegaram para connosco partilhar o desenvolvimento e bem-estar das nossas comunidades e agora, aqui, querem impor a sua visão do mundo. Diga-se, que nesta submissão há a esquerda à proa, ufana e segura de que a desconstrução dos valores que nos criaram e mantiveram é o seu triunfo. Na verdade acho que é a sua derrota, ou melhor, a nossa derrota colectiva.

Luís Isidro Guarita

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

E que tal uma rolha para todos?

Acho que a forma mais linear de resolver, a bem do Engenheiro, claro está, estas maçadas com a questão da TVI é oferecendo uma rolhita à malta... Aliás, de uma assentada fazíamos crescer o negócio da cortiça, em que somos verdadeiros experts, ajudando assim a economia e adquiríamos, ao olhos do Engenheiro, o companheiro ideal para lhe evitar chatices e constrangimentos.

E assim, como é bom de se ver, era só oferecer a cada jornalista/chato/português/professor/ou qualquer outra coisa que implique com o Sr. Engenheiro, uma singela e ecológica rolha.

Em boa verdade não entendo e não entende com certeza o Engenheiro porque raio havemos nós de ter sido sempre um povo tão sereno e submisso ao chefe para agora nos tornarmos nuns impertinentes, sempre a protestar e a questionar e sobretudo a pôr em causa o supremo mandato do menino d’ouro?

É que está-se mesmo a ver, falta a rolha, pá!

Luís Isidro Guarita

Reaberto!

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Confesso que perdi a conta aos dias em que, pelas mais variadas razões, andei longe desta página. Aliás, o meu companheiro de viagem até já havia colocado um pequeno anúncio avisando sobre o fecho para descanso. Mas o descanso terminou e cá estamos, de regresso e na véspera de mais 2 episódios democráticos a que a pátria regularmente se dedica.

Voltemos então a este lugar à direita, enfunemos as velas e lancemo-nos ao mar que a maré está a jeito.

Luís Isidro Guarita