quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Sabonetes à venda...

Por detrás do brilho esplendoroso da imagem mediática. Por detrás do apelo sedutor da retórica discursiva. Por detrás do fascínio reconfortante do multiculturalismo finalmente chegado à política há Obama e um enorme deserto de ideias.

Para além do eu – tipo aqui estou eu tão belo para vos governar, pouco sobra do candidato democrata que, na essência do que tem dito, mais parece uma nova espécie política de Maria vai com todas, onde o vai significa a adesão imediata ao que for politicamente correcto no momento e o todos, todos aqueles que nesse instante mediático sirvam os interesses políticos em causa. Em Portugal temos há 3 anos a versão não étnica desta súmula da moderna esquerda. Chama-se José Sócrates e deu no que deu.

Na verdade e para além do brilho ofuscante do sabonete que nos é vendido, Barack Obama não é mais que isso mesmo. Um produto dos tempos. Um político expresso à medida da necessidade de salvação in-extremis que a esquerda vinha pedindo. Este é o tipo de político/ícone que se enquadra perfeitamente na velocidade consumista das sociedades actuais, onde 15 minutos de fama valem muito mais que 15 anos de preparação intelectual e política.

A esquerda, com Obama, atingiu o seu zénite. Do grande gigantismo ideológico com que quase nos soterrou nos séculos XIX e XX, ao anão político de ideias a que chegou nestes primórdios do século XIX, bastou um muro cair.

Obama é por isso, na imagem, mas sobretudo no conteúdo, a síntese perfeita de uma certa forme de vivre à la gauche. Um eu desmesurado, bonito por fora mas oco por dentro.

Luís Isidro Guarita 

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