terça-feira, 17 de março de 2009

Uma morte...

Este sábado, nas páginas centrais do Público, um pequena notícia devolvia-nos à realidade analfabeta, ignorante e inculta que ainda persistimos em manter como nosso traço identitário.
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Talvez haja os que considerem que a morte de um animal, neste caso uma Águia Imperial, algures nos confins de um Parque Natural em pleno Alentejo seja um daqueles acontecimentos que não nos merecem uma vírgula, quanto mais uma reflexão. Outros haverá que se consideram de tal forma donos e senhores desta terra em que habitamos, que a presença de outras espécies, que não para fins lúdicos ou alimentares é, por si só, uma desnecessária e maçadora inevitabilidade que quanto mais depressa se resolver, melhor. Eu, na mais imprudente das ingenuidades, acho que não! Acho mesmo que aquele tiro e aqueles chumbos foram uma rajada certeira ao nosso património intemporal, um disparo contra a nossa história e um verdadeiro assassínio a sangue frio da nossa memória. Exagero? Talvez...
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Enfim, talvez um dia, quem sabe, percebamos o quanto o majestoso voo daquela Águia nos céus do Alentejo é uma memória que nos faz falta.
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Luís Isidro Guarita

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